O Ensino do Jornalismo em Portugal: Uma História e Análise dos Planos Curriculares
Resumo
O ensino do jornalismo em Portugal é recente. Tudo por causa de um regime que temia as consequências da formação e maior conhecimento, daqueles que tinham a missão de fazer circular a informação. No entanto, as tentativas para instaurar um curso superior para jornalistas são antigas, apesar de as opiniões contraditórias que o assunto sempre despertou, colocando, de um lado, aqueles que consideravam a formação superior essencial e, do outro, os que viam nas redacções e no trabalho prático lá realizado a melhor forma de um jornalista se formar.
Esta dicotomia de pontos de vista viveu-se um pouco por todo o mundo, mas não impediu, porém, que os cursos universitários para formar jornalistas fossem nascendo. Desde o final do século XIX, primeiro nos Estados Unidos, e logo de seguida, já em pleno século XX, na Alemanha, Suíça e, de uma forma mais ou menos célere, por toda a Europa. Portugal foi mesmo o último país da chamada Europa ocidental a aventurar-se nestas andanças.
Iniciado, apenas, no final dos anos setenta do século XX (1979), não como ensino específico de jornalismo, mas misturado nas ciências da comunicação ou áreas afim (o que continuou até aos dias de hoje), o ensino do jornalismo, em Portugal, afirmou-se na década seguinte (anos oitenta), teve um crescimento explosivo nos anos noventa e sofreu alterações e reestruturações na primeira década do novo século XXI, de modo a acompanhar as transformações que se verificaram (e continuam a verificar) no sector da comunicação/informação. Os planos de estudo dos cursos que abriram vagas, neste ano lectivo de 2009/2010, reflectem todas essas mudanças que, quer o jornalismo, quer o ensino do jornalismo vão sofrendo.
Esta dissertação irá, assim, caminhar por entre aquilo que podemos chamar de “uma história do ensino do jornalismo em Portugal” e por uma análise, sempre que possível crítica, dos cursos de jornalismo, comunicação e áreas congéneres e respectivos planos curriculares, procurando, assim, melhorar o ensino do jornalismo em Portugal.
Abstract
The education of journalism is recent. The reason for this is the old regime that feared the consequences of education and knowledge of the ones which mission was to spread information around. Nevertheless, the attempts to establish a higher education of journalism are old, although the contradictory opinions that the issue rose – on one side of the aisle were the ones that believed that higher education was essential, and on the other side were those who thought that the work done in the companies and the practice work that is carried there are the best ways to educate a journalist.
This dichotomy of views was experienced all over the world but did not stop the emergence of graduation courses which goal was to educate journalists. This happened first on the United States, since the end of the 19th century, and, soon after, in the 20th century, in Germany, Switzerland and all over Europe, despite different timings. Portugal was the last country of the Western Europe to address this matter.
In Portugal, the education of journalism began only on the last years of the seventies, not as specific education of journalism, but mixed within communication sciences or similar areas (which continued until the present day). This phenomenon got stronger on the next decade, grew explosively in the nineties and suffered changes on the first decade of the new century to keep up with the transformations that occurred (and still occur) in the communication/information sector. The courses’ programs that opened vacancies in 2009/2010 reflect all those changes on journalism as well as on the education of journalism.
This thesis will cover something we may call of “a history of the education of journalism in Portugal”, as well as a critical (when possible) analysis of the courses and programs of journalism, communication and other related areas, with the purpose of improving the education of journalism in Portugal.
Resumen
La enseñanza del periodismo en Portugal es reciente. Todo por culpa de un régimen que temía las consecuencias de la formación y un mayor conocimiento, de aquellos que tenían la tarea de difusión de la información. Sin embargo, los intentos de establecer una escuela para los periodistas son viejos, a pesar de las opiniones contradictorias que el tema siempre ha suscitado poniendo por una parte, aquellos que tenían la clave de la educación superior y por otra, los que veían en la sala de redacción y en el trabajo práctico allí realizado la mejor manera para formarse un periodista.
Esta dicotomía de puntos de vista que se vivió un poco por todo el mundo, pero no impidió, sin embargo, que nacieran las carreras universitarias para formar a los periodistas. Desde finales del siglo XIX, primero en los Estados Unidos, y poco después, en el siglo XX, en Alemania, Suiza y, de una forma más o menos rápida, en casi toda Europa. Portugal fue el último país de Europa occidental, llamado a aventurarse en estas andanzas.
Empezado, solamente, a finales de los setenta del siglo XX, no como específicas de enseñanza del periodismo, pero mezclado en ciencias de la comunicación o áreas afines (que continuó hasta el día de hoy), se afirmó en la siguiente década, creció de una forma explosiva en la década de los noventa y sufrió cambios y reestructuraciones en la primera década del nuevo siglo, con el fin de vigilar los cambios que se han producido (y aún existen) en el campo de la comunicación y de la información. Los planes de estudios de los cursos que ofrecen plazas para este año académico 2009/2010, reflejan todos estos cambios que sufren tanto el periodismo como la enseñanza del periodismo.
Esta disertación irá, por lo tanto, caminar a través de lo que llamamos "una historia de la enseñanza del periodismo en Portugal” y por un análisis, siempre que posible crítico, de los cursos de periodismo, comunicación y áreas similares y de sus planes de estudio, intentando, así, mejorar la enseñanza del periodismo en Portugal.