Costa, A. (1954)

COSTA, Alves (1954). Breve História da Imprensa Cinematográfica em Portugal.

Autor: COSTA, Alves

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação): 1954

Ano de publicação/impressão: 1954

Título completo da obra: Breve História da Imprensa Cinematográfica em Portugal

Tema PRINCIPAL: Imprensa Cinematográfica

Local de edição: Porto

Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Empresa Industrial Gráfica do Porto, LDA

Número de páginas: 45

Cota na Biblioteca Nacional e noutras bibliotecas públicas

Cota da Biblioteca Pública Municipal do Porto: L3-4-61(6)

Esboço biográfico sobre o autor (nascimento, morte, profissão, etc.)

Sem dados

Índice da obra

Aurélio da Paz dos Reis: pág. 5

Cine Revista: pág. 5 - 8

O Film: pág. 8

Jornal dos Cinemas: pág. 10

Portugal Cinematográfico / Cine Lisboa: pág. 10 – 11

InvictaCine: pág. 11 – 13

Cine Teatro / Associação dos Amigos do Cinema: pág. 13 – 14

Espectáculo: pág. 15 – 16

De Cinema: pág. 16 – 17

Arte Muda: pág. 17 – 18

Imagem / Cine-Noticia / Cine-Teatro: pág. 19 – 20

Crónica cinematográfica / Kino: pág. 20 – 24

Movimento: pág. 26 – 27

Animotógrafo: pág. 29 – 30

Cinema de Amadores: pág. 31

Cinema: pág. 32 – 36

Apêndice: pág. 39 – 45

Resumo da obra

O autor começa por explicar que Portugal teve, logo nos primeiros tempos do cinema, uma incipiente indústria cinematográfica. A verdade é que, relembra o autor, Portugal foi dos primeiros países a fazer cinema, a pouca distância da apresentação pública, em Paris, do invento dos irmãos Lumière. O início do cinema em Portugal, recorda Alves Costa, tem lugar com exibição das primeiras curtas-metragens amadoras de um comerciante portuense e entusiástico amador fotográfico, chamado Aurélio da Paz dos Reis, cujo primeiro filme se intitulava “Saída dos operários da Fábrica Confiança”.

O autor esboça, posteriormente, uma cronologia da imprensa cinematográfica portuguesa: A 15 de Março de 1917, sai em Lisboa a primeira publicação portuguesa exclusivamente dedicada ao cinema, intitulada Cine Revista.

Em 1919, aparece, em Lisboa, outra revista de cinema: O Film, de que são proprietários, directores e editores Raúl Reis (Ultus) e José Figueiroa. Era um quinzenário de poucas páginas.

O autor explica que também em 1919, no mês de Agosto, aparece, desta vez no Porto, a revista Porto Cinematográfico, da qual era director, editor e proprietário Alberto Armando Pereira. A revista, que teve, nos primeiros anos, Amadeu Alves Salazar como administrador, era mensal, tinha a princípio 16 páginas e custava cinquenta centavos. Excelente na apresentação (sobretudo a partir do 3º ano), notável pela variedade e interesse do texto, ineditismo e profusão das gravuras, esta publicação pode considerar-se, sem favor, uma das melhores revistas cinematográficas que se editaram em Portugal. Alberto Pereira, que ficou com um lugar de excepcional relevo na história da imprensa cinematográfica portuguesa, foi também o primeiro a fazer critica de filmes em Portugal, com regularidade e conhecimento em causa. Em Março de 1925, Porto Cinematográfico termina a sua carreira. Alberto Pereira, viria a abandonar de vez o jornalismo cinematográfico para se dedicar à distribuição de filmes. Em 1954, é director da « Aliança Filme ».

Com o desenvolvimento da industria cinematográfica portuguesa e do crescente interesse do público pelo cinema, novas revistas vão-se fundado. Em Lisboa, aparecem sucessivamente Portugal Cinematográfico, mensário dirigido por Fernando Pardal, que publicou apenas dois números, e Cine Lisboa, cujo primeiro número traz a data 15 de Julho de 1923.

No Porto, em 25 de Março de 1923, surge a Invicta Cine, uma nova revista que “singrando contra todas a procelas” (segundo o seu próprio lema) viria a ser uma das publicações cinematográficas nacionais de mais longa duração. Só em princípios de 1934 suspenderia a sua carreira, não completamente, porque ainda publicava, para garantia do título, um número em 11 de Março de 1935 e outro, o derradeiro, em 11 de Março de 1936, que tem o nº 229

Em Lisboa, também no ano de 1923, e sob a direcção de Valentim da Cunha, surgiu, com pouca duração, o quinzenário Cine Teatro, de que se publicaram apenas seis números, tendo saído o primeiro no dia 4 de Maio. Em 1 de Setembro de 1924, editada por Manuel Pinto Lello, professor de liceu e então proprietário do cinema de Campolide, e dirigida por Valentim da Cunha, nasce outra revista, intitulada Cinema. O terceiro número lança a ideia da fundação de uma Associação dos Amigos do Cinema. Previa a criação de uma biblioteca especializada, exibições de filmes de reconhecido valor artístico acompanhadas de palestras, instituição de um prémio para o exibidor que apresentasse melhores filmes, realização de fitas de curta metragem, etc. A ideia nunca teve realização e a própria vida da revista nunca seria longa.

Em 1925, e quando ainda frequentavam o curso dos Liceus, Fernando Pamplona e Rodolfo da Cunha Reis, que pouco tempo depois desapareceria do número dos vivos, fundam, no Porto, a revista De Cinematografia. Segundo o autor, a revista é muito bem apresentada, bem redigida e tem um nível superior ao das revistas da época. O autor explica, também, que nela se faz eco de uma outra Associação dos Amigos do Cinema (com sede no Porto), fundada em 1924. “Quando um dia se fizer história dos Cines-Clubes portugueses não se poderá deixar de apontar a simpática Associação como percursora do cine-clubismo”, escreve Alves Costa.

Em 15 de Outubro de 1927, Alberto Armando Pereira volta para as lides jornalísticas saindo com um jornal de novo tipo: o Espectáculo. Trata sobretudo de cinema, mas também de teatro e desporto. Começou por bissemanário, foi também trissemanário e chegou a ser diário, durante uns dias…

Em 15 de Abril de 1930 aparece a segunda tentativa de diário cinematográfico (o primeiro foi o Espectáculo, de A. Armando Pererira). Intitula-se Crónica Cinematográfica, tem formato de revista com oito páginas. É seu director Magalhães de São Boaventura. Mota e Costa é o redactor principal e editor. A partir do nº 18, por desinteligências internas, Boaventura sai da revista e Mota da Costa passa a director. Com o nº 23, publicado em 24 de Junho de 1930, dá-se a sua sespensão por razões de ordem administrativa.

No dia primeiro de Maio de 1930 vem para a rua o primeiro jornal cinematográfico impresso em rotativa. Era um semanário intitulado por Kino. Tinha um ar novo, jovem e combativo.

Em 1933, nascem duas revistas que, embora não tenham durado muito tempo, maracaram posição inconfundível: Animatógrafo e Movimento.

O primeiro número de Animatógrafo, revista fundada e dirigida por António Lopes Ribeiro, saiu em Lisboa a 1 de Abril de 1933. Apoiada por uma intensa publicidade da Agência Cinematográfica H. Da Costa, a revista apresenta-se com boa colaboração e um belo aspecto gráfico. Cessará a sua publicação em Julho do mesmo ano com o nº14.

Movimento, fundada e dirigida por Armando Vieira Pinto, aparece no Porto em Junho de 1933. Impressa em óptimo papel, esta revista apresenta-se com um aspecto gráfico « revolucionário » e toma rapidamente posição de relevo dentro da imprensa cinematográfica portuguesa. Era uma revista muito viva. Mais tarde uma manobra infeliz do administrador da revista, e quando esta tinha já uma grande audiência, faz com que todos os colaboradores a abandonem. Como consequência, o Movimento deixa de ser publicado. O último número é o 27, com data de 30 de Setembro de 1934.

Após inúmeras revistas, quase todas ela sem sucesso, em Setembro de 1950 aparece, em Lisboa, a luxuosa revista Grande Plano , dirigida por Luís Miranda, de que se publicam apenas seis números.

Em 28 de Outubro de 1950, Baptista Rosa, funda, ainda em Lisboa, uma revista popular de cinema que traz novamente o título de Imagem. Saía uma vez por mês, apresentava-se com bom aspecto, mas vivia muito da publicidade. Com o andar dos tempos, a revista vai procurando, com êxito, alternar a futilidade de algumas crónicas com assuntos mais sérios. Justamente ao completar dois anos de existência, suspende a publicação com o nº 31, que traz a data de Novembro de 1952.

Em Abril de 1953, aparece, em Lisboa, a revista Estúdio, profusamente ilustrada e com um excelente aspecto gráfico. Era uma revista tipo magazine, que se dirige especialmente ao grande público, pelo que não regateia a inserção de «pin-up girls, «vamps» e «estrelas» em atitudes sugestivas.

Em 1 de Janeiro de 1954, sai, também em Lisboa, o primeiro número da segunda série da revista Imagem.

Ao percorrer esta vasta galeria de publicações, não deixa de ser curioso notar a evolução que se foi operando com o decorrer dos anos até 1954. Não só se abandonou aquele tom de intimidade que caracterizou as revistas dos anos trinta, como também desapareceram a impertinência e a agressividade que até 1954 eram correntes.

Nome completo do autor da ficha bibliográfica: Hugo Gabriel Oliveira Gonçalo

E-mail: goncalo.hugo@gmail.com