Carqueja, B. (1925)
CARQUEJA, Bento (1925). O Comércio do Porto. No Centenário de Camilo Castelo Branco 1825-1925.
Autor: CARQUEJA, Bento de Sousa
Ano de publicação/impressão: 1925
Título completo da obra: O Comércio do Porto no Centenário de Camilo Castelo-Branco
Tema PRINCIPAL: História do Jornalismo
Local de edição: Porto
Tipografia: Oficinas de O Comércio do Porto
Número de páginas: 87
Cota na Biblioteca Nacional e noutras bibliotecas públicas
Cotas na Biblioteca Pública Municipal do Porto: COR-502 a 509
Cotas na Biblioteca Nacional: L. 5831//2 A.
Esboço biográfico do autor
Bento de Sousa Carqueja é natural de Oliveira de Azeméis, onde nasceu na rua Direita, no dia 6 de Novembro de 1860. Os seus progenitores foram Bento de Sousa Carqueja e Maria Amélia Soares de Pinho de Sousa Carqueja. Bento Carqueja aprendeu as primeiras letras na “terra que o viu nascer”. Muito jovem, deslocou-se para a cidade do Porto, com o objectivo de prosseguir os estudos. Já instalado na segunda maior cidade do país, a sua vida estudantil e profissional prosseguiu com grande êxito.
Em 1880 começou a colaborar no jornal O Comércio do Porto, importante diário portuense, do qual seu tio foi fundador. Bento Carqueja entrou para esse jornal como revisor, sendo outra das suas actividades o início do arquivo da vasta correspondência aí existente. A sua apetência para o jornalismo levou-o a desenvolver um trabalho promissor, ao ponto de, aquando do falecimento
do seu tio, se tornar co-proprietário do jornal, assumindo a direcção do mesmo.
Em 1882, formou-se no curso livre de Ciências Físico-Naturais; em 1884, foi nomeado professor da Escola Normal do Porto, onde leccionou as cadeiras da Agricultura e Ciências Físico-Naturais; no mesmo ano, instalou o Jardim Botânico e os laboratórios de Fisiologia Vegetal e Química Agrícola; em 1915, foi criada a Faculdade Técnica da Universidade do Porto, onde passou a leccionar as cadeiras de Economia Política, Contabilidade e Legislação de Obras Públicas. Enquanto isso, desenvolveu importante obra social, nomeadamente promovendo a construção de bairros operários, organizando escolas agrícolas móveis, fundando várias creches de O Comércio do Porto, adquirindo, para benefício das mesmas, um biplano experimentado no Porto e em Lisboa em 1912, tendo sido este o primeiro avião a voar em Portugal. Em 1918, foi eleito presidente da comissão de propaganda da Imprensa, dirigindo vários manifestos aos portugueses. Não obstante, recusou honras e favores públicos ou políticos nacionais, nomeadamente o cargo de ministro de Estado para o qual foi convidado com insistência.
Faleceu no dia 2 de Agosto de 1935, na rua do Molhe, na foz do Rio Douro, vindo a ser sepultado em Oliveira de Azeméis sua terra natal.
Índice da obra
1. Razão de Ser
2. Relações de Camilo com O Comércio do Porto
3. A Obra de Camilo em O Comércio do Porto
4. As Três Irmãs
5. Estrelas Funestas
6. Estrelas Propiciais
7. O Bem e O Mal
8. A Filha do doutor Negro
9. A Vida das Flores
10. Vinte Horas de Liteira
11. Luta de Gigantes
12. O Santo da Montanha
13. Um Viajante no Minho, em 1875
14. O Senhor do Paço de Ninães
15. A Enjeitada
16. Monumento a Camilo
17. A Morte de Camilo
Resumo da obra (linhas mestras)
“Cabia a O Comércio do Porto o dever de não deixar passar sem uma celebração, por modesta que fosse, o Iº centenário do nascimento de egrégio escritor português que foi Camilo Castelo-Branco.” (página 5) Assim começa este livro, que nos fala sobre a participação de Camilo Castelo-Branco no jornal O Comércio do Porto, através dos seus romances, entre os quais “As Três Irmãs” (1861), “Estrelas Funestas” (1862), “Estrelas Propiciais” (1862), “O Bem e o Mal” (1863), “A Filha do Doutor Negro” (1864), “Vinte Horas de Liteira” (1864), “Luta de Gigantes” (1865), “O Santo da Montanha” (1866), e “O Senhor do Paço de Ninães” (1867). “Em 1866, foi impresso na Tipografia do Comércio um volume de 291 páginas com o título de A Enjeitada; mas não apareceu em folhetins do jornal”, revela, ainda, Bento Carqueja (página 56).
Este livro presta homenagem a um dos maiores escritores portugueses associando-se, segundo o seu autor, “a um movimento nacional, movimento de justiça, movimento de reparação (…) porque a geração a que pertenceu Camilo nem sempre soube apreciar, à devida altura, a grandeza do escritor”. (página 8)
Para os dois fundadores de O Comércio do Porto, Manuel de Sousa Carqueja (tio de Bento Carqueja) e Henrique Carlos de Miranda, Camilo Castelo-Branco sempre foi uma preferência e a cumplicidade entre eles era tão elevada que Camilo chegou a pedir a Henrique Carlos de Miranda trabalho para o Dr. Luís da Costa, evocando a “razão esclarecida” deste último “como garantia do trabalho que solicita.” (página 11)
Segundo Bento Carqueja, para além de todos os romances que escreveu e que foram publicados no jornal, Camilo Castelo-Branco ainda realizou duas traduções, uma em 1861, “Romance de um Homem Pobre”, de Octávio Feuillet, e a outra em 1864, “A Vida Das Flores”, de Alphonse Karr.
“Camilo Castelo-Branco, o batalhador vigoroso, que tantas vezes deu provas da sua energia para o trabalho, não teve o mesmo vigor de ânimo para suportar as trevas que a cegueira lhe impusera e o quebranto a que os mais graves padecimentos o arrastaram.”, diz Bento Carqueja (página 66).
Camilo Castelo-Branco, recorda o autor, morreu a 3 de Junho de 1890, em Vila Nova de Famalicão, onde lhe foi consagrado “um monumento público, a homenagem nacional ao maior dos romancistas portugueses.” (página 57). Esta acção coube, então, revela Bento Carqueja, ao Comércio do Porto e à Câmara Municipal, que confiaram o trabalho ao escultor Henrique Moreira.
Nome completo do autor da ficha bibliográfica: Joana Filipa Ribeiro Sousa
E-mail: jfribeirosousa@hotmail.com