Cunha, A. (1941)
CUNHA, Alfredo da (1941). Relances sobre os três séculos do Jornalismo Português: Conferência proferida na Câmara Municipal de Lisboa, em 29 de Novembro de 1941.
Autor: CUNHA, Alfredo da
Ano de publicação/impressão: 1941
Título completo da obra: Relances sobre os três séculos do Jornalismo Português: Conferência proferida na Câmara Municipal de Lisboa, em 29 de Novembro de 1941
Tema principal: História do Jornalismo
Local de edição: Lisboa
Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Gráfica Santelmo (Separata do Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas, N.º 4 – Outubro – Novembro – Dezembro – 1941)
Número de páginas: 34
Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas
Biblioteca: Biblioteca Nacional
Cotas: P. 7680 V.
Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)
Natural do concelho do Fundão, Alfredo da Cunha nasceu em 1863 e faleceu em 1942. Jornalista, exerceu o cargo de director do Diário de Notícias. Casou com a filha do fundador do jornal, D. Adelaide da Cunha. Realizou vários estudos sobre história do jornalismo português, tendo-se dedicado, em especial, à sua génese.
Índice da obra
Motivações para a escrita da obra: pp. 3-4
Delimitação dos três períodos da imprensa periódica portuguesa: pp. 4-5
Contextualização história: pp. 5-33
Época antiga: pp. 5-16
Época moderna: pp. 16-31
Época contemporânea: pp. 31–33
Conclusão: pp. 33-34
Resumo da obra (linhas mestras)
Esta obra é a versão escrita de uma conferência de Alfredo da Cunha, sócio da Academia de Letras de Lisboa e director do Diário de Notícias, acerca dos três séculos do Jornalismo Português.
Após criticar aqueles que haviam prometido escrever a história do jornalismo português até então (1941), Alfredo da Cunha congratula-se por ter sido ele a escrevê-la e a viu ser publicada sob o título Elementos para a História da Imprensa Portuguesa pela “Academia das Ciências”, em comemoração do tricentenário do primeiro periódico (A Gazeta - 1641) que viu a luz em Portugal (pp. 3-4).
Alfredo da Cunha considera então três as épocas do jornalismo em Portugal: a época antiga que se inicia a Novembro de 1641 (aparecimento da Gazeta) e se prolonga até 1821 (promulgação da lei que institui no país o novo regime legal para a imprensa); a época moderna, que decorre de 1821 a 1890; e finalmente a época contemporânea, que se iniciou com o reinado de D. Carlos.
Segundo o autor, a época antiga, foi vivida em tempos de conflito, no reinado de D. João IV, o qual, com a falta de apoio do povo português para lutar contra Castela, sentiu a necessidade de fazer chegar a sua mensagem ao povo. Foi então que surgiu a Gazeta “da Restauração”, cujo primeiro número documentado é de Novembro de 1641 e que foi publicada pelo menos até 1647. Apenas em 1663 é que surgiu um novo periódico – o Mercúrio Português – redigido pelo Dr. António de Sousa de Macedo, tendo, no entanto, desaparecido de circulação em 1666. Com o regime de censura vivido, então, em Portugal, apenas em 1715 é que surge um outro periódico digno de menção – Notícias do Estado do Mundo e a Gazeta de Lisboa, que somente viria a desaparecer de circulação a 24 de Julho de 1833, com a entrada das tropas libertadoras em Lisboa, embora na altura já sob o título único Lisboa. Outras publicações surgiram neste período, mas as mesmas tinham, por norma, pouco tempo de vida.
Finda a contextualização histórica da época antiga, Alfredo da Cunha passa por descrever a época moderna do jornalismo, a qual foi vivida entre 1821 e 1890. D. João VI aprovou, em 1822, a instituição legal do novo regime da imprensa. No entanto, rejeitou a mesma lei que havia aprovado um ano depois. Ao longo dos anos, os membros do Congresso debateram-se sobre o assunto até que foi promulgada a Carta Constitucional, em 1826, embora, a abolição da censura só tenho sido colocada em prática a 22 de Dezembro de 1834.
Com isto, o número de periódicos aumentou exponencialmente, contabilizando-se um total de 67 em 1836. Face tal tendência, em 1850 surgiu a lei de Costa Cabral, com o cognome “das rolhas”, descendo o número de periódicos para 15. Em 1866, com a promulgação de uma lei mais liberal, voltou a sentir-se um aumento enorme no número de periódicos, chegando a mais de 200, em apenas um ano. Este segundo período do jornalismo é caracterizado por Alfredo da Cunha como a época em que as grandes questões políticas e sociais foram tratadas. Foi também nesta época que se notou o aperfeiçoamento nos sistemas de impressão e dos trabalhos de gravura que ilustravam as publicações. Ao contrário dos tempos do antigo jornalismo, durante o qual os jornais eram apenas usados como agentes de propaganda e arma de combate, foi nessa segunda época que o jornalismo português se tornou numa indústria, pela importância dos capitais nele empregues e pela adopção de processos mecânicos consideráveis. Foi neste período que surgiram os “ardinas”, os quais apregoavam os títulos dos jornais pelas ruas dia e noite.
A época contemporânea tem início com o decreto de 29 de Março de 1890, que veio combater o excesso de jornais políticos. Em 7 de Julho de 1898 e a 11 de Abril de 1907 vieram as leis gerais, ainda em tempo de Monarquia, e finalmente, embora já em República, a lei de 28 de Outubro de 1910. No entanto, eram observados dois cenários distintos. Se por um lado os jornalistas eram colocados à altura das profissões mais nobres, à imprensa era aplicado o regime de censura.
Autor (nome completo): Bruno Fernando da Costa Mendes Alves da Graça
E-mail: bruno_graca@sapo.pt