Lopo, J. (1965)

LOPO, Júlio de Castro (1965). Algumas Coisas Sobre Jornalismo.

Autor

Castro Lopo, Júlio

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação)

1965

Ano de publicação/impressão

1965

Título completo da obra

Algumas Coisas Sobre Jornalismo

Tema principal

História sobre o Jornalismo

Local de edição

Luanda

Editora (ou tipografia, caso não exista editora)

Fundo de Turismo e Publicidade

Número de páginas

17

Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Biblioteca Nacional

Cotas: P3330v

Biblioteca: Biblioteca Porto

Cotas: I3-1-176-(24)

Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)

Nasceu em Valpaços, em 18.4.1899 e morreu na mesma vila, em 4.3.1971. Passou mais de meio século em Angola, onde deixou bem marcada a sua passagem por ali. A sua ocupação principal passou-a como funcionário público. Mas ele foi, essencialmente, um intelectual. Deixou uma infinidade de obras, para além das muitas dezenas de artigos de carácter científico que deixou nos jornais e revistas, tanto do Ultramar como da Metrópole.

Índice da obra

[Não tem índice.]

Breve Introdução sobre a conferência que motivou o livro, organizadores e principais presenças: p.5

Percurso pessoal: p.5-7

Fundadores do jornalismo angolano: p. 10

Jornais em Angola: pp. 12-13

Evocações de várias figuras do jornalismo angolano e da vida em Angola e encerramento: pp. 15-17

Resumo da obra (linhas mestras)

Este livro dá conta da conferência realizada no dia 1 de Fevereiro do ano de 1965 por Júlio Castro Lopo, no Museu de Angola, em Luanda, para encerramento da “Semana dos Meios de Comunicação Social”, por sua vez integrada nas celebrações do “Dia da Imprensa”, uma iniciativa levada a cabo pela Liga Independente Católica Feminina.

O tema mor da conferência de Castro Lopo era o jornalismo e por isso tratou de dizer por que razão se considerava ligado ao jornalismo. Disse, então, que desde pequeno lia jornais que parentes ou vizinhos lhe davam.

Retratando como um jovem das elites do início do século XX tomava contacto com o jornalismo, Castro Lopo explica que jornais como o Le Matin, de Paris, O Comércio do Porto, O Primeiro de Janeiro, A Nação, O Dia, A Época, ou mesmo o Diário de Notícias faziam parte da sua leitura habitual, em substituição do Latim ou da Álgebra, disciplinas escolares, que lhe valiam, por vezes, um forte puxão de orelhas por parte de seu pai.

Em relação aos artigos e aos seus autores, Castro Lopo, disse que se começou a interessar pelos textos do advogado Dr. Cunha e Costa, que escrevia para jornais como A Nação, O Dia ou A Situação. Do Primeiro de Janeiro, Castro Lopo apreciava especialmente a secção “Tribuna Livre”, de Guedes de Oliveira. Disse também sentir-se privilegiado pois tinha à sua disposição o melhor e mais culto jornalismo português.

Castro Lopo contou um facto curioso que consistia em, apesar de ser republicano, não se importava nada de ler os artigos do Dr. Cunha e Costa mesmo depois de este ter aderido à causa da Monarquia já depois de implantado o sistema republicano, tal era a sua admiração por ele.

Lopo identificava-se com as ideias do Dr. Cunha e Costa, pois este “sintetizava qualidades morais e intelectuais, que assim podiam determinar o superior homem de imprensa.” O autor reconhece, assim, que Cunha e Costa foi influente na construção da personalidade do autor.

Segundo Castro Lopo, Cunha e Costa dizia, também, que o bom jornalista era aquele que denotava sinceridade jornalística e servia os interesses da comunidade nacional, devendo exercer a profissão “com o mesmo escrúpulo que o médico honrado põe exercício do seu métier”. Mais, segundo Cunha e Costa, igualmente citado por Castro Lopo, o bom jornalista levava as pessoas a lerem o que escrevia, ainda que estas não concordassem com as ideias expressas pelo primeiro.

Devido então à forma de pensar de Cunha e Costa, Castro Lopo afirmou que o primeiro o influenciou nas tendências do seu espírito.

No texto, Casto Lopo tributa homenagem à memoria de Pedro Alexandrino da Cunha, considerado o fundador da Imprensa de Angola, pois, enquanto governador do território, fundou o Boletim Oficial de Angola, a 13 de Setembro de 1845. Castro Lopo lembrou, ainda, que o periódico A Civilização da África Portuguesa, fundado em 1866 por Urbano Castro e Alfredo Mântua, marcou uma nova fase da história da Imprensa nessa província ultramarina, pois a partir dessa altura “a imprensa particular foi considerada mais uma voz activa na interpretação e no enquadramento da opinião pública.” (p. 10). Falou, ainda, das 116 publicações periódicas que ao longo da história surgiram em Luanda, das 23 de Moçâmedes, das seis de novo Redondo, das 19 de Benguela, das cinco de Malanje, de uma na antiga Dalatando (cidade nova de Salazar), das oito de Sá da Bandeira, das três de Silva Porto, de uma de Santo António do Zaire, das quatro do Lobito, das cinco de Nova Lisboa e das duas da Missão Católica do Bailundo.

Castro Lopo fez referências às principais publicações periódicas de Angola (O Apostalado, Notícia, Jornal de Benguela, O Lobito, O Planalto e Jornal da Húlia) que juntamente com os diários (A Província de Angola; Diário de Luanda; O Comércio ; e ABC – Diário de Angola) tinham grande importância na província.

Finalizando, Castro Lopo disse que o Patriotismo não era um negócio mas sim um sentimento moral que define o carácter do homem que se não deixa subjugar por rancores ou despeitos pessoais. Desejou, em consequência, que os jornalistas de Angola fossem sempre dignos da herança moral deixada pelo fundador da imprensa deste território e que nunca atentassem contra a honra e os interesses de Portugal.

Autor: Diogo dos Santos Pedrosa

E-mail: diogo.pedrosa8@hotmail.com