Portela, A. (1953)

PORTELA, Artur (1953). Norberto de Araújo: O Jornalista e o Escritor.

Autor: PORTELA, Artur

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação)

Ano de publicação/impressão: 1953

Título completo da obra: Norberto de Araújo. O Jornalista e o Escritor

Tema principal: Jornalistas e Vida Profissional

Local de edição: Lisboa

Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Gazeta dos Caminhos de Ferro

Número de páginas: 29

Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Nacional

Cotas: H G 628768//3 P

Biblioteca: Pública Municipal do Porto

Cotas: I3-5-23

Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)

Artur Portela nasceu em Leiria no ano de 1901 e veio a falecer na mesma cidade, em 1959.

Foi repórter de guerra e jornalista do Diário de Lisboa durante mais de 30 anos. Republicano sem filiações, ficou famoso pelas entrevistas que fez a Churchill, Unamuno, Afonso III, Herriot e Franco.

Era também conhecido pelas suas polémicas críticas teatrais e teve ainda ao seu encargo a direcção da secção das artes plásticas e a página de literatura do Diário de Lisboa.

Escreveu vários livros: Batalha Humana, Rosas de Itália, Monges Negros, Norberto de Araújo, Duelos em Portugal, Tumultos, A Lareira de Portugal e outros.

A obra que deixou levou a que o seu nome figure numa praça da capital.

Índice da obra

[Não tem índice.]

- Norberto de Araújo. O jornalista e o escritor: pp.5-6

- Guerra Junqueiro e Norberto de Araújo: pp.6-7

- A cadeira vazia: pp.7-8

- A garra do jornalista: pp.8-9

- Na trincheira da imprensa: pp.9-10

- Como começou a vida: pp.11-12

- A revelação do jornalista: pp.12-13

- As Miniaturas na Manhã: pp.13-14

- Norberto de Araújo no Diário de Noticias: pp.14-16

- A sua entrada no Diário de Lisboa: pp.16-17

- As Páginas de Quinta-Feira: pp.17-18

- Como ele foi o primeiro: pp.18-20

- Um incidente com João Chagas: pp.20-21

- Uma reportagem emocionante: pp.21-22

- A vida com o Marechal Carmona: pp.22-23

- Varanda dos meus amores: pp.23-24

- A sua paixão por Lisboa: pp.24-25

- Última imagem de Norberto: pp.26-27

- O enterro do grande jornalista: pp.27-29

Resumo da obra (linhas mestras)

Esta obra de Artur Portela é uma contemplação do homem que Norberto de Araújo foi, assim como de toda a obra deste último, todo o seu trabalho, dando especial ênfase ao seu papel enquanto jornalista.

O autor vê Norberto de Araújo como uma referência “incomparável” do jornalismo, pela sua “perfeição” e “elevação literária”. Portela afirma mesmo que Norberto de Araújo era ““um grand-seigneur, um príncipe do jornalismo” (pg.5). Assim, para Portela a capacidade de expressão seria uma das qualidades distintivas do bom jornalista.

Conta Portela que, ao longo de toda a vida, Norberto de Araújo assumiu várias facetas: “O entrevistador, o critico, o repórter, o cronista, o novelista, e até poeta…” (pg.6) e em todos os seus trabalhos entregava-se de corpo e alma, trazendo consigo uma forma nova de encarar o jornalismo, com uma visão e uma sensibilidade sui generis que “só ele conseguia ter”, fazendo-o sempre “com paixão e intensidade”, tornando a mais pequena noticia num acontecimento a que ninguém ficava indiferente.

O trabalho feito por Norberto de Araújo foi tão grandioso e significante, diz Artur Portela, que, nem mesmo após a sua morte ele foi esquecido, sendo para todos os jornalistas uma motivação, um estímulo. Conta também o autor que apesar da personalidade multifacetada de Norberto de Araújo, era nas crónicas que ele mais se destacava.

Segundo o autor, foi devido à sua paixão pelo jornalismo, à forma “sensível”, “imprevisível” e, por vezes, “romântica” que encarava o mundo que Norberto de Araújo fez com que o jornal Diário de Lisboa marcasse uma renovação literária.

Conta ainda Artur Portela que Norberto de Araújo abandonou o seminário e foi trabalhar como tipógrafo para a Imprensa Nacional ao mesmo tempo que também frequentava o curso superior de Letras. Foi, aí que, ao ganhar um concurso técnico na Imprensa, fez uma conferência sobre “A Democratização da Arte” e logo outra intitulada “Da Iluminura à Tricomia” (pg.12). Surgiu delas como a nova revelação literária, sendo “amado” e “temido”.

Norberto de Araújo integra, então, continua Portela, o jornal A Manhã. Contudo, foi depois, no Diário de Lisboa, que, de acordo com Artur Portela, Norberto de Araújo “travou a sua mais ardente e clamorosa batalha de jornalismo” (pg.17). Segundo Portela, seu pensamento fervilhava de ideias novas, escrevendo um pouco de tudo: “artigos, criticas, entrevistas, …casos de rua…” (pg.17) nas suas “Páginas de Quinta-Feira”. Neste espaço, tecia as suas opiniões, os seus pensamentos, os seus comentários, de uma forma apaixonada, sincera e por vezes até sarcástica. Norberto de Araújo entregava-se, conta Artur Portela, de corpo e alma ao jornalismo.

No prosseguimento da biografia de Norberto de Araújo, Artur Portela revela que o seu biografado entrevistou grandes nomes e cobriu importantes acontecimentos, como quando a perda de Ramon Franco em pleno Atlântico; o atentado político em Paris a João Chagas; a visita ao Panteão da Rainha D. Amélia. Além disso, Norberto de Araújo, segundo Portela, acompanhou o Presidente António José de Almeida ao Brasil e fez longas entrevistas a Ruy Barbosa. Também acompanhou o Presidente da República Marechal Carmona na sua viagem a Espanha. O biografado era capaz, segundo Portela, de ultrapassar barreiras e obstáculos para conseguir sempre a melhor história, possuindo uma capacidade de improvisação inata, e uma “…penetrante observação” (pg.22) em todas as histórias que relatava.

Relembra Portela que, a par com a paixão pelo jornalismo, Norberto de Araújo, tinha ainda a paixão pela escrita ,tendo várias obras literárias e teatrais publicadas.

Conta, finalmente, Portela que Norberto de Araújo foi ao longo de toda a sua vida um grande lutador, na “ luta diária incessante, devorante que é o jornalismo”(pg. 26) e sendo para muitos “uma honra, um brazão de nobreza profissional” (pg.27) que nem mesmo depois da sua morte será esquecido.

Autor (nome completo): Juliano Joel Costa Magalhães

E-mail: juliano_prt@hotmail.com