Lima, A. (1911)

LIMA, Archer (1911). Magalhães Lima e a Sua Obra. Notas e Impressões.

Autor: LIMA, Archer de

Ano de publicação/impressão: 1911

Título completo da obra: Magalhães Lima e a Sua Obra – Notas e Impressões

Tema: Jornalistas e Vida Profissional

Local de edição: Lisboa

Tipografia: A Editora

Número de páginas: 320

Cota na Biblioteca Nacional e noutras bibliotecas públicas

Cota na Biblioteca Pública Municipal do Porto: A4-6-39

Cota na Biblioteca Nacional Portuguesa: H.G. 8767 V.

Cota na Biblioteca Nacional Portuguesa: H.G. 15061 V.

Esboço biográfico sobre o autorArcher de Lima, escritor, nasceu em 1882 e morreu em 1942.

Índice da obra

Capítulo I – Primeiros tempos da vida de Magalhães Lima, a sua vida de estudante de direito em Coimbra: pp. 7-29

Capítulo II – A influência de grandes pensadores: pp. 31-54

Capítulo III – O livre pensador e escritor romântico: pp. 55-86

Capítulo IV – Crítica à sociedade e ao poder: pp. 87-104

Capítulo V – O seu papel na advocacia e o sonho de continuar a vida de jornalista: pp. 105-124

Capítulo VI – Magalhães Lima no Comércio de Portugal, a sua faceta de republicano: pp. 125-149

Capítulo VII – Magalhães Lima no Século, prisão de Magalhães Lima: pp. 151-192

Capítulo VIII – Missão no estrangeiro, imprensa estrangeira – Portugal questão do dia na Europa: pp. 193-215

Capítulo IX – Novas viagens pela Europa, director da Vanguarda, critico teatral: pp. 217-268

Capítulo X – Perseguições a Magalhães Lima, o exílio, o regicídio: pp. 269-284

Capítulo XI – Grão Mestre da Maçonaria Portuguesa: pp. 285-299

Capítulo XII – A República, o regresso a Lisboa, ingratidão dos republicanos para com Magalhães Lima: pp. 301-318

Resumo da obra

Esta obra, de Archer de Lima, tem como tema principal a vida e obra do jornalista e político Sebastião de Magalhães Lima, até 1910.

Conta Archer de Lima que desde cedo Magalhães Lima evidenciou qualidade na escrita. Esse atributo foi empregado para transmitir as suas ideias e visões sobre o mundo, a sociedade e o poder. Diz Archer de Lima que a arte de prosa e a sua frontalidade de Magalhães Lima eram “admiradas” até pelos adversários políticos: “A Tribuna (…), apesar do seu director não ser republicano, não deixa de abrir as suas colunas à prosa honesta do escritor” (p. 18).

Continuando a ler o livro, fica-se a saber que, enquanto estudava Direito, em Coimbra, Magalhães Lima demonstrou ter uma “poderosa” escrita de intervenção. Aplica esta faceta enquanto jornalista, daí o seu papel ser tão importante, como descreve Archer de Lima: “a sua obra de jornalista é poderosa e intensa.” (p. 19). Nesta altura, escreve para jornais como a Tribuna, o Diário da Tarde ou a República Portuguesa. A luta que Magalhães Lima trava contra a monarquia inicia-se nesses tempos de estudante. Essa luta durou por mais de trinta anos: “Magalhães Lima foi o jornalista de combate que mais tempo se conservou na estacada, por isso mesmo se lhe deve essa justa homenagem.” (p.20). Este trecho da obra demonstra a principal razão de Archer de Lima a ter escrito: homenagear uma personalidade que teve um papel muitíssimo importante, para a implantação da República e para o jornalismo português. Assim, o autor refere que: “toda a primeira fase do jornalista é pujante e fogosa” (p.27). Esta vivacidade é, segundo Archer de Lima, “natural” para um jovem universitário. Mas Magalhães Lima nunca perdeu este ímpeto ao longo da vida. Aliás, essa é, segundo Archer de Lima, uma qualidade da sua personalidade que se manteve ao longo da sua vida. “Magalhães Lima, por vezes, levado pela paixão que o impele a contar, esquece-se que é a sua pena que descreve: é principalmente – e nós vemos isso passando a obra do jornalista – influenciado pela sua palavra.” (p. 43).

Conta Archer de Lima que Magalhães Lima escreveu, também, no Espetro de Juvenal. Nesse jornal, diz o autor, agalhães Lima denunciou à sociedade as alegadas atrocidades que eram cometidas pela polícia, mas sempre dizendo a verdade: “Foi esse cerco que Magalhães Lima esfrangalhou, como o complemento dos seus artigos, em que mostra toda a beleza heróica do jornalista que diz a verdade.” (p. 117).

Inevitável é referir que, já em finais da década de 70 do século XIX, Magalhães Lima demonstrou um grande respeito pela liberdade de imprensa, defendendo, ainda nos tempos de estudante, um politico acusado de abuso de liberdade de imprensa (p. 118). Após a conclusão deste mediático processo, Magalhães Lima pôde enveredar pela “carreira que no seu intimo ambicionava: o jornalismo efetivo.” (p. 119). Em 1879, Magalhães Lima é chamado para redactor efectivo no jornal Comércio de Portugal.

O Comércio de Portugal, prossegue Archer de Lima, era sobretudo um jornal conhecido pela sua vertente económica e financeira. Era um jornal para as elites, devido ao seu elevado preço. O seu maior rival era o “Diário de Notícias que Eduardo Coelho lançara com a etiqueta de jornal barato para o povo” (p. 127). A passagem de Magalhães Lima pelo Comércio de Portugal deve-se, segundo o autor, à grande vontade que ele tinha de transmitir aos leitores as suas ideias. Assim, continua Archer de Lima, em 1880 Magalhães Lima foi encarregado de dirigir o Comércio de Portugal. Foi durante a sua direcção que o Comércio de Portugal teve um papel preponderante no contexto da imprensa nacional, promovendo a comemoração do centenário de Camões e divulgando “a obrigação moral da celebração do centenário.” (p. 131). Fruto dessa campanha, explica Archer de Lima, o dia 10 de Junho de 1880 foi de festa. “Do mesmo modo, o jornalismo – O Diário de Notícias com Eduardo Coelho e outros – surgiram saudando em Camões o símbolo de toda a pátria.” (p. 134).

Com a comemoração do centenário de Camões, diz Archer de Lima que Magalhães Lima notou que o Comércio de Portugal não era o jornal que sonhava e que a imprensa portuguesa não era realmente eficaz, pois apenas o Comércio de Portugal e o Diário de Notícias tinham divulgado o acontecimento. Ainda assim, por altura da comemoração do centenário, inaugurou o Atheneu Comercial, “que saudou, em nome da comissão executiva da imprensa portuguesa.” (p.136). De qualquer maneira, segundo o seu biógrafo, pouco tempo depois, Magalhães Lima deixa o Comércio de Portugal. Vai, então, abraçar um novo projecto, dirigir o Século. O dia “4 de Janeiro de 1881 tem a marcá-lo o aparecimento do primeiro número do Século e um artigo sensacional de Magalhães Lima” (p. 156), escreve o autor. Este artigo, para além de criticar o regime, ataca os homens pela sua indiferença. Magalhães Lima utiliza, assim, o novo jornal para criticar ainda mais a repressão, a fome e o Rei. O Século, prossegue, consequentemente, Archer de Lima, era já visto como um jornal condenado a não aguentar muito, tal era o incómodo que trazia ao Rei. “O Século foi querelado por abuso de liberdade de imprensa.” (p. 163), conta Archer de Lima. Este facto levou a que Magalhães Lima criticasse veementemente o Governo, por mais esta privação de liberdade, explica o biógrafo.

Apesar de tudo, salienta Archer de Lima, O Século conseguiu expandir-se rapidamente, fazendo frente aos outros jornais. Seguro do sucesso, explica Archer de Lima, Magalhães Lima usa o jornal como um poder, uma arma para a sua intervenção politica. O jornal contribuiu para o desenvolvimento do Centro Republicano de Lisboa, com uma divulgação constante das suas actividades.

Após uma série de fortes ataques à Coroa, Magalhães Lima é preso, na prisão do Limoeiro. Depois de sair da prisão, narra Archer de Lima que Magalhães Lima parte em viagem por vários países da Europa. A imprensa internacional, diz o autor, “admira” Magalhães Lima pela sua “coragem” e “firmeza de convicções”. Segundo os eu biógrafo, nessa viagem Magalhães Lima passou por Espanha, França, Inglaterra e Bélgica.

Archer de Lima diz que Magalhães Lima, em 1886, deixou o Século, “esse jornal, a que tinha ligado o seu nome e a sua alma.” (p. 214), no seu auge.

Após a saída do Século, segundo o seu biógrafo Magalhães Lima articipa nos Congressos de Imprensa em Anvers e em Estocolmo e recupera a Folha do Povo, de Cecílio de Sousa. Mas, apesar de “uma necessidade de ter um jornal onde empregasse a sua acção contínua, onde o jornalista continuasse a sua tarefa.” (p.241), a passagem pela Folha do Povo foi fugaz. Participa no Congresso da Imprensa em Roma, onde reitera a intenção de realizar o mesmo congresso em Lisboa, o que se viria a suceder.

Uma nova etapa na sua vida de jornalista sucede, prossegue o biógrafo, quando Magalhães Lima se torna director da Vanguarda. “A Vanguarda torna-se, sobretudo, internacionalista, aproveitando as suas secções e outros sueltos, para trazer à vida portuguesa apontamentos de crises por que passa o mundo civilizado.” (p. 246). O jornal “fugia às pressões que caracterizavam a imprensa de Lisboa.” (p. 246).

Após sentir que era impossível continuar a sua obra em Lisboa, conta Archer de Lima que Magalhães Lima abandona Portugal e ruma a Paris. Participa no Congresso de Imprensa que se realizou em Bordéus. Leva, então, à imprensa mundial informações sobre o que se passava em Portugal.

Para além de ter sido marcante o seu contributo para o jornalismo, ao longo da sua vida Magalhães Lima desempenhou outras funções de relevo, tendo sido advogado, crítico teatral, Grão Mestre da Maçonaria Portuguesa, e, respeitando piamente a sua inclinação política, foi um dos nomes primeiros da luta pela implantação da República em Portugal.

Nome completo do autor da ficha bibliográfica: Fernando José Flores Geração

E-mail: fernando_geracao@hotmail.com