Noronha, E. (1913)

NORONHA, Eduardo (1913). Vinte e Cinco Anos nos Bastidores da Política. Emídio Navarro e as Novidades. A Sua Vida e Sua Obra Política e Jornalística.

Autor: NORONHA, Eduardo

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação)

Ano de publicação/impressão: 1913

Título completo da obra: 25 Anos nos Bastidores da Política

Tema principal: Jornalistas e Vida Profissional

Local de edição: Porto

Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Companhia Portuguesa Editora

Número de páginas: 414

Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Biblioteca Nacional

Cotas: HG-17903P

Biblioteca: Biblioteca Pública Municipal do Porto

Cotas: V1-3-39; COR-624; XF4-8-46

Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)

Eduardo Noronha nasceu em 1859 e veio a falecer, com 89 anos de idade, em 1948. Foi oficial do exército, jornalista (secretário da redacção do Novidades, de Emídio Navarro, que, no final da monarquia, era dos mais respeitados e aguerridos diários nacionais) e escritor.

Índice da obra

Página

I – Como eu conheci Emídio Navarro …. 11

II – Na política ……………………………. 33

III – A fundação das « Novidades » ……… 55

IV – Nos conselhos da coroa …………….. 79

V – Vida de antanho ……………………… 99

VI – Em plena luta …………………….. 121

VII – Cenas da politica ………………… 145

VIII – O Ultimatum …………………….. 165

IX – Posto de honra …………………….. 185

X – O Nephlibatismo na gerência publica 203

XI – Gratidão politica …………………… 229

XII – Junto do leão ……………………… 249

XIII – A primeira janela de Lisboa …….. 275

XIV – Na brecha …………………………303

XV – Defeitos e qualidades ………………327

XVI – Nem sempre querer é poder ……… 351

XVII – Poder de irradiação ………………. 371

XVIII – Contraminando a opinião ……….. 393

Resumo da obra (linhas mestras)

Na presente obra de Eduardo Noronha é “apresentada” uma espécie de biografia sobre Emídio Navarro, assim como as suas obras jornalísticas.

Segundo o autor, Emídio Navarro teve um importante papel na evolução do jornalismo em Portugal, tendo sido o seu principal “feito” a fundação do jornal Novidades, um dos principais diários nacionais da época. Era um homem que admitia críticas jornalísticas, mas não outras: “Navarro trata rosas como escreve artigos de fundo, com a mesma perfeição e o mesmo conhecimento de causa. A diferença consiste em que não lhe importa que lhe notem um defeito num artigo, mas vai aos ares se lhe duvidarem da formosura das suas rosas ou da valia dos seus conhecimentos de agricultor” (pág. 61).

Noronha refere que, aquando da fundação (ou do projecto da fundação) do Novidades Navarro teve a preciosa colaboração de três companheiros, redactores do Correio da Noite e do Progresso. Eram eles, Barbosa Collen, Joaquim Tello e Carlos Lobo de Ávila. Mais tarde e já quando o jornal se aproximava da sua publicação, juntou-se à pequena hoste, Alberto Braga.

Tal como Noronha especifica, para a fundação do jornal eram necessários fundos. Barbosa Collen, não descansará enquanto não encontrou um “capitalista”, que lhes permitisse financiar o jornal.

Perante a descoberta do “tal capitalista”, Barbosa Collen e a restante equipa dirigiram-se a casa do presumível investidor e deram a boa-nova a Navarro, que se encontrava nesse momento no Luso, pedindo a sua deslocação à capital, para que se desse a legalização do contrato. Navarro não hesitou em fazer a tão esperada viagem.

O jornal teria a primeira publicação a 2 de Janeiro de 1885 e tudo já estaria estipulado. O contrato foi assinado em Novembro, restando assim cerca de dois meses para a data prevista da publicação. No entanto, o investidor não desatava os cordões à bolsa, engendrando várias desculpas e estratagemas para assim não investir no jornal. O nome do financiador, no entanto, não é revelado por Eduardo Noronha. Mais tarde, conta o autor, descobriu-se que o prometido investidor teria sofrido pressões de várias entidades a quem não interessaria que a publicação do jornal fosse avante: “As entidades a quem não convinha que o novo jornal saísse, mexeram-se. O grupo, a que pertencia Mariano de Carvalho, sabendo que corriam na praça várias letra do senhor O…, comprou-as. Munido com essa poderosa arma intimou quem as passara a retirar-se por algum tempo.”. Mais tarde, explica Eduardo de Noronha, o investidor teve de pagar um conto de reis de indemnização a Navarro, “em virtude das clausulas da escritura” (pág. 63)

Conta seguidamente o autor que, no mês de Dezembro de 1884, Emídio Navarro e a sua equipa ainda não tinham o dinheiro necessário para lançar o Novidades. Mas Emídio Navarro possuía um vasto leque de amigos dedicados. Francisco Machado e Ferreira de Almeida, com a ajuda de José Ribeiro da Cunha, arranjaram forma de financiar o jornal, através das suas próprias poupanças. Nada, nem ninguém conseguiria amortecer tal dedicação à publicação do Novidades.

Sendo assim a aparição do jornal significou uma eterna vitória para Navarro, tendo assinalado também um melhoramento literário significativo no país.

O Novidades triunfou em toda a linha. Nunca o público acolhera com tão significativa simpatia um jornal, facto este também claramente enfatizado por Noronha: “Pode comparar-se Emídio Navarro a Hércules, e o Novidades à clava do semi-deus do Phanteon romano” (pág. 67)

Sendo assim o Novidades foi um dos principais e mais relevantes jornais portugueses de sempre, mudando o jornalismo português, mesmo com as limitações características da época.

Autor (nome completo): João Sousa Coimbra Tavares

E-mail: joao_coimbra41@hotmail.com