Portugal, J. (1954)
PORTUGAL, José M. Boavida (1954). Uma Nova Ética da Informação.
Autor: BOAVIDA PORTUGAL, J. M.
Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação): 1970
Ano de publicação/impressão: 1971
Título completo da obra: Uma Nova Ética da Informação
Tema principal: Liberdade de imprensa
Local de edição: Lisboa
Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Editora Gráfica Portuguesa/Palestra Rotária
Número de páginas: 6
Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas
Biblioteca: Biblioteca Nacional
Cotas: L.13724//6V e S.C.33257.V
Biblioteca: Biblioteca Pública Municipal do Porto
Cotas: 07-6-75 (10)
Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)
José M. Boavida Portugal nasceu em 1917 e faleceu em 2005. Foi jornalista e escreveu várias pequenas obras sobre jornalismo e sobre a Casa da Imprensa, da qual foi dirigente..
Índice da obra
[Não tem índice.]
Jornalismo é sinónimo de responsabilidade: pp. 2
Questão de verdade: pp. 2
Palavra do bispo de Sevilha: pp. 3
O dialogo: pp.4
Resumo da obra (linhas mestras)
Este é um pequeno opúsculo sobre a ética no jornalismo, constituindo um dos primeiros exemplos da utilização da palavra e do conceito de ética jornalística em Portugal.
O autor começa por dizer que, “ A evolução exige uma nova ética da informação, porque o conceito de informação e a palavra que o exprime se deixaram penetrar por elementos de corrosão e de suspeita que os tornam extremamente vulneráveis.”.
Para ele, jornalismo é sinónimo de “responsabilidade”: “ O público sente a responsabilidade do jornalista ou do locutor e aceitando essa responsabilidade estabelece a comunicação, forma opinião, procura estabelecer-se. Está-se longe da informação do velho estilo, irresponsável ou tendenciosa tantas vezes. Mas terá de instituir-se uma nova ética: a ética da comunicação responsável da verdade, através de fontes que se completam e estimulam”.
Para o autor, faz então todo o sentido falar-se da complementaridade entre os meios jornalísticos – a rádio anuncia, o jornal aprofunda e remete para a televisão, onde se vê. A questão da verdade é, para Boavida Portugal, fundamental em jornalismo “O jornalista sente a opinião pública, tomada como vontade popular. E obriga-se por ela, no serviço da verdade.”
Relembra também o autor as palavras do bispo auxiliar de Sevilha, António Montero, que disse que “o fenómeno social da opinião pública não deve confundir-se com o boato nem com a maledicência anónima. Mas também não deve confundir-se com a voz dos governantes, uma vez que estes, mais que sujeito, são objecto da opinião do público. Olhando para o Mundo actual, seria muito arriscado ou mesmo ofensivo afirmar que existem países em cujo conjunto social não haja esse coeficiente indispensável de cidadãos capazes de articular solidariamente uma opinião pública. Sem recusar que possa haver algum caso de inexistência desse coeficiente, o mais vulgar é que, por infelicidade, haverá que lamentar o seu mutismo. Quando isso sucede, em ditaduras de marxista ou nazi, ofende-se, segundo Pio XII, a ordem do Mundo, oferecendo simultaneamente Deus e o homem. Do que se trata é de servir o homem em vez de servir-se dele. «Não existe multidão que seja composta por pessoas e estas não devem servir nunca de instrumentos. Despertando nelas uma atitude e opinião sadia sobre aquilo que acontece à sua volta, consegue-se uma sociedade adulta e equilibrada, vacinada ela própria contra guerras civis e catástrofes internas. Uma opinião pública saudável, na qual todas as partes em presença respeitem as regras do jogo, é um tesouro moral para um país civilizado.»”
Depois, o autor refere-se, essencialmente, ao diálogo, “como síntese de opiniões em confronto estruturadas de forma a impedir o antagonismo, a irredutibilidade. Haverá o contraditório, o oponente, o resistente, o contestativo. Mas terá de evitar a neutralização mútua das opiniões em encontro”.
Boavida Portugal encerra o seu texto salientando que “Numa sociedade em evolução (…) a ética da informação terá de furtar-se à tendência para as posições revolucionárias, dominantes e aniquiladoras, porque essas destroem, de maneira inexplorável, a figura do diálogo. É preciso, deveras, uma enorme capacidade de renúncia ao poder e um desejo esclarecido da autocrítica. Só assim existirá diálogo, não a figura estranha e caricatural reservado a uma só casta de predestinados, messiânticamente armazenistas da verdade e da lucidez.”
Para ele, deve fomentar-se, em conclusão, uma nova ética da informação, “na recusa do silencio acobardado ou frutuoso e na exigência da responsabilidade que a verdade urgentemente impõe.”
Autor (nome completo): Carlos Guilherme Ferreira da Silva Borges Cardoso
E-mail: guilhasamt@hotmail.com