Cunha, A. (1939)

CUNHA, Alfredo. (1939). Olisipo, Berço do Periodismo Português. O Tricentenárida “Gazeta” Cognominada “da Restauração”.

Autor: CUNHA, Alfredo da

Ano de elaboração: 1939

Ano de publicação/impressão: 1939

Título completo da obra: Olisipo, Berço do Jornalismo Português; O Tricentenário Da «Gazeta» Cognominada « Da Restauração»

Tema PRINCIPAL: História do Jornalismo

Local de edição: Lisboa

Editora: Amigos de Lisboa

Número de páginas: 30

Cota na Biblioteca Nacional e noutras bibliotecas públicas

Cota na Biblioteca Pública Nacional do Porto: I3-4-85 (24)

Cota na Biblioteca Nacional: P. 4810 V.

Esboço biográfico sobre o autor

Natural do concelho do Fundão, Alfredo da Cunha nasceu em 1863 e faleceu em 1942. Jornalista, exerceu o cargo de director do Diário de Noticias. Casou com a filha do fundador do jornal, D. Adelaide da Cunha. Realizou vários estudos sobre a história do jornalismo português, tendo-se dedicado, em especial, à sua génese.

Índice da obra

[não tem índice]

Comemoração do tricentenário da imprensa portuguesa: pp. 1-7

Primeiro periódico português: pp. 7-11

As “relações” de Severim Faria como cartas noticiosas contrariamente a jornalismo: pp. 11-21

A Carta Régia: pp. 21-22

Publicações das duas relações: pp. 22-25

A “Gazeta” como primeiro periódico português: pp. 25-27

O protótipo do jornal moderno: pp. 27-29

Lisboa, o berço do jornalismo português: pp. 29-30

Resumo da obra (linhas mestras)

Esta obra de Alfredo da Cunha incide sobre o tricentenário da imprensa portuguesa. No texto, o autor defende que a imprensa portuguesa tem origem em 1641, com a Gazeta “da Restauração”, que é “o primeiro periódico português que se vendeu ao preço de 10 réis (…) [e que] data de 1641 (…)” , contrariamente à ideia que foi lançada em Julho de 1925 pelo Sindicato dos Profissionais da Imprensa, que alegava que o tricentenário deveria ser comemorado em Setembro de 1926, tricentenário da data em que foram lançadas as Relações de Severim de Faria.

Alfredo da Cunha relembra, de facto, que o Sindicato dos Profissionais da Imprensa sustentava, em 1925, que a imprensa portuguesa deveria comemorar o seu tricentenário em 1926, ideia contra a qual o autor se manifestou. Às objecções históricas de Alfredo da Cunha, o Sindicato contrapôs que não seria altura de fazer história, num claro ataque às insinuações de Alfredo da Cunha de que o tricentenário seria somente em 1941. No entanto, Alfredo da Cunha, refuta estas afirmações no livro e declara que não fez a biografia da Imprensa, apenas elaborou algumas notas arqueológicas sobre jornalismo, acrescentando, também, que se tivesse sido comemorado em 1926 o tricentenário da imprensa portuguesa, deveria tê-lo sido no mês de Novembro ou Dezembro e não em Setembro. De qualquer modo, em defesa da sua tese de que a Gazeta “da Restauração” é o primeiro periódico português, Alfredo da Cunha cita Teixeira de Vasconcelos, que disse “Não devem entrar nessa classe (das gazetas ou papeis periódicos) algumas poucas Relações avulsas”. Alfredo da Cunha relembra, seguidamente, Hatin, que revela que logo após a invenção da imprensa surgiram muitas cartas noticiosas sem relação nenhuma entre si, as chamadas Relações, que Alfredo da Cunha considera que não possuíam qualquer continuidade e regularidade: “Não pode reconhecer-se regularidade e continuidade em dois folhetos apenas”, escreve Alfredo da Cunha referindo-se às Relações de Manuel Severim de Faria. Alfredo da Cunha apresenta, como exemplo, outros folhetos que nada tinham a ver com periodismo mas que tudo tinham a ver com as Relações de Severim de Faria, os de Garcia de Resende, que retratavam “guerras, viagens, mortes e nascimentos” e que, embora em verso, se tratavam de “uma forma de fazer historia e não de fazer jornalismo.”

Nas páginas seguintes, é mesmo feita mais meticulosamente uma comparação entre as Relações de Severim de Faria e a Miscelânea de Garcia de Resende, transcrevendo o autor algumas estrofes que fazem referência directa a Lisboa, extraídas desta última obra. Segundo Alfredo da Cunha, “desde os usos e costumes dos povos bárbaros até às cerimónias e festas da corte (…), tudo na Miscelânea vem narrado com pormenores dignos dum bom noticiarista”, pelo que, considerando este aspecto noticioso das obras de Garcia de Resende, deveriam ser elas as bisavós do jornalismo português se as Relações de Severim de Faria fossem consideradas as avós, pelo que nem em 1926 nem em 1941 se poderia comemorar o tricentenário da imprensa jornalística portuguesa: teria de se comemorar o quadricentenário em 1954.

Na página 21 e 22, Alfredo da Cunha começa, então, a apresentar argumentos sobre a impossibilidade de as Relações serem consideradas o marco representativo do nascimento do jornalismo português e para tal apresenta a Carta Régia de 26 de Janeiro de 1627 que dizia que já tinham sido impressas outras relações. Para Alfredo da Cunha, essa carta régia “não aludia só à Relação de Severim de Faria publicada em Lisboa no ano antecedente, porém a outras alguns anos mais antigas”. Alfredo da Cunha considera mesmo que as Relações de Severim de Faria não são o protótipo dos jornais modernos, até porque “protótipo significa o modelo mais perfeito e exacto”.

É então que Alfredo da Cunha apresenta a Gazeta referente a Novembro de 1641 como sendo o primeiro periódico português, citando um artigo que referia que o objectivo era relatar as noticias de guerra com Castela mas apresentando também novidades ocorridas noutros países, as novas publicações literárias etc. Alfredo da Cunha revela, então, que estas gazetas foram publicadas mensalmente, o que lhes atribuía carácter continuo e periódico. Para além disso, possuíam “encadeamento, porque algumas delas chegam a inserir rectificações e esclarecimentos às precedentes ”.

Revela também Alfredo da Cunha que a Comissão de Centenários aceitou, então, que se celebrasse em 1941 o tricentenário do primeiro periódico português, após a exposição do autor.

Para finalizar a sua dissertação sobre qual foi, na verdade, o primeiro periódico português, Alfredo da Cunha revela-nos que existe um ponto de concordância entre os defensores da Gazeta e os defensores das Relações, porque tanto uma como outra foram impressas em oficinas olisiponenses.

O autor diz, também, que tem gosto que tenha sido em Lisboa que foi impresso o primeiro jornal português, rematando: “Ora, com esta espécie de processo de investigação de paternidade legitima, que deixo instruído, o que pretendo é evitar que chegue a transitar em julgado alguma arbitrária sentença contra a aludida Gazeta, espoliando assim Lisboa da inauferível glória de ter sido, como lhe chamei no título deste estudo, o «berço do periodismo português»”.

Nome completo do autor da ficha bibliográfica: Tiago Emanuel Gonçalves Moreira

E-mail: tiago_moreira77@hotmail.com