Freire, J. (1934)

FREIRE, João Paulo (1934). Pela República. Dois Anos de Luta ao Parapeito do “Diário da Noite”.

Autor: FREIRE, João Paulo

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação): 1934

Ano de publicação/impressão: 1934

Título completo da obra: Pela República – Dois Anos de Luta ao Parapeito do “Diário da Noite”

Tema PRINCIPAL: Teoria do Jornalismo

Local de edição: Lisboa

Editora: Livraria Central Editora

Número de páginas: 236

Cota na Biblioteca Nacional e noutras bibliotecas públicas

Cota da Biblioteca Publica Municipal do Porto: O2-8-21

Cota da Biblioteca Nacional: S.C. 14736P.

Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)

Natural da Murjeira (Mafra), João Paulo da Silva Veneno Freire nasceu a 14 de Setembro de 1885 e faleceu a 16 de Janeiro de 1953. Em 1904, iniciou a sua carreira jornalística a qual exerceu até à morte, tendo antes ingressado na vida eclesiástica e também na vida militar. De todo o percurso de João Paulo Freire há que referir que ele não só se evidenciou como jornalista mas também como poeta, ensaísta, novelista e cultor de outros géneros literários, tendo sido até importante ao nível de estudos etnográficos. Segundo o Jornal de Notícias, a sua morte fez com que desaparecesse “um dos últimos – se não o último – dos mosqueteiros do jornalismo”.

Índice da obra

Explicação: p.13

Porque sou Republicano: p.15

Porque me fiz Republicano: p.20

República!: p.25

Ser Republicano: p.29

Pela Pátria, pela República, pelo Povo e peça Liberdade: p.31

Acima de todas as paixões está o ideal da República: p.34

Data Gloriosa: p.37

O Alentejo: p.39

Bolchevismo?! Não! Humanidade apenas: p.43

Os Monárquicos e a República: p.47

A província: p. 50

Organização: p.52

Organização!: p.56

Soluções: p.59

Pela República – 3 horas de palestra com o antigo Presidente Sr. Dr. Bernardino Machado: p. 64

Feras à solta! – Dois crimes monstruosos: p.72

Seis meses de trabalho: p.75

Infamíssima canalha!: p.78

Crença indispensável: p.82

Orientação prática: p. 85

Um homem!: p.88

Tartufos!: p. 91

Fariseus!: p.94

O Sr. Quirino!: p. 98

O Sr. Quirino! – Segunda Dose: p. 102

O Sr. Quirino! – Terceira Dose: p.106

Crimes e criminosos: p.109

Cautela!: p.112

Tarefa de chacais: p. 114

Temas da actualidade – Acerca do perigo Espanhol: p. 118

Os inimigos da paz: p.121

Política: p.125

Caminhos novos: p. 129

Palavras Claras: p. 132

Razão de peso!: p. 134

“Novos” e “Velhos”: p.137

Três abcessos: p.140

Único refúgio!:p. 144

Roosevelt: p. 147

Liberalismo e Democracia: p.151

Cautela!: p.155

Desabafo!: p.159

A independência jornalística – Santíssima laracha!: p.161

Figuras do Povo e da República – Manuel Ferreira Capa: p.168

Devaneando!… - …Acima da chinela: p. 173

Um problema: p. 178

Alcalá Zamora – Azaña – Lerroux: p.182

A Penitenciária: p. 186

A linha de Sintra: p.191

Pão nosso de cada dia: p. 194

Turismo…Nacional: p. 197

Cuba: p. 201

A Boa-Hora: p.204

3 de Outubro: p. 208

Vinte e três anos: p. 211

Esforço Salutar!: p. 214

Conversando: p. 217

Justiça?! Não!: p. 221

A nossa posição! p. 225

Ser Chefe!: p.228

Um exemplo: p.231

Palavras serenas: p.233

Resumo da obra (linhas mestras)

A obra reúne artigos publicados pelo autor, durante cerca de dois anos, no Diário da Noite, jornal de que foi director.

O articulista, na sua nota explicativa, aponta como razão principal para o livro mostrar como se faz um “jornalismo de combate” (p.13), “servindo a República” e os “interesses da Pátria”, “pelo povo”, contra aqueles que o caluniam para esconder a sua subserviência e oportunismo, nomeadamente o jornal A Voz.

Dos artigos publicados no Diário da Noite e coligidos nesta obra, apenas cinco têm particular interesse para a teorização do jornalismo.

No texto “Seis Meses de Trabalho”, o autor refere a luta do Diário da Noite “sem cansaço e sem tréguas, pela Liberdade e pela República” (p.75), ao longo dos seis meses de existência do jornal, mesmo sendo este pobre e passando por enormes dificuldades. Contando com “republicanos ilustres que constituem autênticos valores da República” (p.76), o Diário da Noite encontrava por todo o país “fé, (…) carinho” (p.75) que o ajudaram a vencer todas as dificuldades. João Paulo Freire refere ainda os seis meses de triunfos, de lutas e de sacrifícios de “um jornal que tem sido mantido apenas pelos republicanos” (p.76) para “defender a Pátria, a Liberdade, a Democracia e a República” (p.76), sem esperar por recompensas e agradecendo todas as ajudas com um “Muito Obrigado!” (p.77), pois como refere no texto “Infamíssima Canalha!”, não há, nem houve nenhum trabalhador do Diário da Noite, excepto ele, “que não tenha recebido a paga do seu trabalho” (p.79) mesmo tendo sido muito dinheiro gasto ali em seis meses de existência.

No texto “Um Homem!” o autor faz uma nota biográfica acerca do jornalista e político António Rodrigues Sampaio. Relembra Freire que Rodrigues Sampaio nasceu em 1806 e tirou o curso de humanidades e teologia no distrito de Braga, sendo conhecido como “o Sampaio da Revolução” (p.88). Iniciado no jornalismo por um padre, António Rodrigues Sampaio, segundo Freire, “foi um homem honrado” (p. 89) que tudo fez para se manter “no seu posto: o de jornalista” (p. 89), tendo passado por outras funções por “incidente” (p.89).

“Tartufos” é o título do texto no qual João Paulo Freire, depois de fazer uma breve alusão a um artigo do jornal A Voz onde foi criticado, defende-se dizendo que “o «homem que se passou»” (p.92) é um homem livre que defende causas nobres e que não tem de “pedir licença” (p.92) a ninguém para defender os seus interesses e ideais. Refere que o Diário da Noite é um jornal onde “mandam todos os republicanos” (p.91) e que o facto de ser o director não o faz ser dono dele.

No texto “A Independência Jornalística…Santíssima Laracha!”, talvez o mais interessante como reflexão acerca do jornalismo português do início da década de trinta, o autor, em resposta à carta de um amigo que lhe perguntava porque não escrevia ele diariamente um artigo no Diário da Noite, salienta que não pode, dizendo que o facto de o jornal ser pobre, faz com que tenha de ser ele, director, a “cuidar da redacção e da administração, da tipografia e da casa da máquina” (p.161). Salienta, ainda, que “não há em Portugal independência jornalística” (p.161) pois, para se criticar algo ou alguém é necessário ter dinheiro para se suportar as consequências desses actos.

A “independência jornalística” (p.162) só existia no tempo em que os jornais representavam as vontades e os pensamentos de um único homem, explica João Paulo Freire, dando como por exemplo o jornal Novidades, de Emídio Navarro. Ao referir que não é o dinheiro que faz esta independência, mas sim o número de assinantes que assegura a existência, a liberdade e as vendas de um jornal, o autor confessa que não escreve um artigo todos os dias no Diário da Noite porque, em dois anos de existência, ainda não conseguiu fazer daquele jornal “um jornal desafogado, de vida equilibrada e segura” (p.166).

Nome completo do autor da ficha bibliográfica: Daniela Alexandra Trocado Bernardo

E-mail: daniela_bernardo_757@hotmail.com