Lopo, J. (1952)

LOPO, Júlio de Castro (1952). Para a História do Jornalismo de Angola.

Autor

LOPO, Júlio de Castro

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação)

1951

Ano de publicação/impressão

1952

Título completo da obra

Para a História do Jornalismo de Angola

Tema principal

História do Jornalismo

Local de edição

Luanda

Editora (ou tipografia, caso não exista editora)

Museu de Angola

Número de páginas

30

Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Biblioteca Nacional

Cotas: H.G.18482//6V

Biblioteca: Biblioteca Municipal do Porto

Cotas: I3-4-44-(16)

Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)

Júlio de Castro Lopo nasceu em Valpaços, em 1899 e morreu no mesmo local, em 1971. Era funcionário público, mas a sua grande paixão foi a investigação. Distinguiu-se como intelectual.

Passou grande parte da sua vida, quase meio século, em Angola. É conhecido por uma infinidade de obras e artigos científicos escritos em jornais e revistas.

Índice da obra

[Não tem índice]

Apresentação e agradecimentos proferidos na Conferência em Luanda, a 1 de Setembro de 1951: pp. 9-11

Enunciação e descrição dos períodos do jornalismo em Angola: pp. 11-12

Publicações periódicas, entre elas o Boletim Oficial: pp. 12-22

Breve descrição da vida de António Urbano Monteiro de Castro (um dos precursores do jornalismo em Angola): pp. 22-29

Conclusão: p.30

Resumo da obra (linhas mestras)

Esta obra resultou de uma conferência proferida pelo autor, Júlio de Castro Lopo, no Rádio Clube de Angola, a 1 de Setembro de 1951, a convite da Associação dos Naturais de Angola. Nela, o autor discorre sobre o jornalismo angolano, dando particular atenção à obra de António Urbano Monteiro de Castro, um dos precursores do jornalismo nessa ex-colónia portuguesa.

Segundo o autor, a história do jornalismo em Angola divide-se em três períodos:

- A 13 de Setembro de 1845, surgiu o “Boletim Oficial” fundado pelo Governador Geral Pedro Alexandrino da Cunha.

- A 6 de Dezembro de 1866, surgiu o semanário “A Civilização da África Portuguesa”, fundado por António Urbano Monteiro Castro e Alfredo Júlio Cortês Mântua, entre outros.

- A 16 de Agosto de 1923, surgiu o Jornal “A Província de Angola” fundado por Adolfo Pina.

O autor diz que a evolução jornalística de Angola dependeu da colonização e do desenvolvimento do Comércio. À medida que as cidades mais importantes foram aumentando em população europeia e em exportação de géneros, começaram a aparecer as tipografias, os periódicos e os jornais A colonização, o desenvolvimento da agricultura e o incremento do comércio e da indústria foram assim, para o autor, as razões que explicam a génese do jornalismo angolano.

A criação de comarcas judiciais influíram, também, segundo Castro Lopo, na evolução do jornalismo, até porque, sendo advogados alguns dos redactores dos periódicos, os jornais tornavam-se instrumentos complementares da sua profissão, quer para atacar quer para defender.

Os três períodos do jornalismo angolano são, explica Júlio de Castro Lopo: 1) Primeiros passos do jornalismo; 2) Imprensa livre; e 3) Fase do jornalismo industrial e profissional.

O autor regista que, em 1852, foi publicado, em Luanda, o “Almanaque Estatístico da Província d’Angola e Suas Dependências”, mas não se deve com ele marcar o início de uma nova fase do jornalismo, visto que apenas se publicou um volume.

Igualmente em 1856 surgiu o periódico de Luanda “A Aurora”, mas poucos números foram publicados, pelo que, na óptica do autor, o início desta publicação não deve ser considerada como mais uma tentativa de iniciar outra fase no jornalismo.

A fazer concorrência ao Boletim Oficial, surgiu, segundo o autor, em 1866, “A Civilização da África Portuguesa”, um semanário noticioso. Segundo o autor, isso não mudou a natureza do órgão oficial, que manteve, entre outras, a função de porta-voz dos colonos mais ilustres e era utilizado para publicação de diversos documentos, tais como: pastorais e provisões do bispado, crónicas de viagem, artigos e estudos, assuntos comerciais, industriais e agrícolas, e ainda textos literários. Nele se publicavam também avisos de rifas de objectos, declarações de credores a ameaçarem os devedores, participações de casamentos, nascimentos e óbitos, declarações ao comércio e ao público em geral. Em suma tudo o que pudesse ter interesse para a população era publicado.

Segundo o autor, na época em que o texto aqui sumariado foi escrito já se consideravam “ridículas” as tentativas de manifestações intelectuais exibidas no órgão oficial nos seus tempos iniciais. Diz Castro Lopo que nessa altura existiam “criaturas menos esclarecidas” que criticavam e troçavam cruelmente dos textos literários impressos, nos quais os seus autores manifestavam publicamente a mágoa que sentiam pela morte de alguém conhecido, enaltecendo-o e demonstrando as saudades que tinha deixado.

O autor enfatiza a colaboração prestada ao órgão oficial pelos colonos ilustres, que não destoava das leis e providenciais governativas publicadas. No entanto, ao mesmo tempo que se publicavam documentos oficiais, Castro Lopo releva que também se exteriorizavam sentimentos, ideais, pensamentos e esperanças, em prose e em verso.

Para Júlio de Castro Lopo, alguns trabalhos publicados no Boletim Oficial constituem documentos importantes que nos mostram os esforços dos colonos e a evolução de Angola, desde o início da colonização, pelo que serviriam para serem utilizados pelos historiadores, já que documental a vida social de Luanda.

Segundo o autor, o Boletim Oficial foi publicado durante mais de vinte anos, sendo a única publicação regular – era a “Imprensa do Governo”.

Até que em 6 de Dezembro de 1866, como já foi referido, surgiu “A Civilização da África Portuguesa”, dedicado a tratar de interesses administrativos, económicos, mercantis, agrícolas e industriais. O aparecimento desse periódico inaugurou, de acordo com Castro Lopo, o segundo período do jornalismo Angolano, a época da Imprensa Livre. Muito dos periódicos dessa época eram vendidos avulsamente nas localidades em que eram editados, e os que lá publicavam artigos eram das mais variadas condições sociais – agricultores, comerciantes, lojistas, magistrados, médicos, professores, etc.

Os periodistas, diz Castro Lopo, utilizavam os jornais da época com fins variados: recriação literária, expansão intelectual, propaganda política, defesa de interesses regionais, comerciais, etc. Para ele, este jornalismo episódico e de amadores da “segunda época” do jornalismo angolano foi muito importante pelos valores que se revelaram ao longo dos anos. Os periódicos que se mantiveram durante mais tempo foram o “Semanário de Luanda” (1867 a 1870) e o “Mercantil” (1870 a 1897), este último com tipografia própria. No entanto o jornalismo de Angola só se tornou verdadeiramente industrial e profissional, diz Castro Lopo, em 1923, com o surgimento do jornal “ A Província de Angola”.

Para Castro Lopo, não se pode deixar de salientar o papel importante de António Urbano Monteiro de Castro no jornalismo de Angola, já que foi, de acordo com o autor, “um dos maiores valores intelectuais do século XIX”. Exerceu em Luanda a profissão de advogado e de jornalista, sendo um verdadeiro artista da prosa, fazendo trabalho literário, sem esquecer as notícias e as doutrinas. Era romântico e negociante, autoridade administrativa, advogado, patriota, orador, político, participante de todos os movimentos sociais e cívicos que pudessem melhorar a vida da população de Luanda.

Autor (nome completo): Ana Catarina Almendra Correia de Almeida d’Eça

E-mail: catarina_eca@hotmail.com