Maciel, A. (1958)

MACIEL, Artur (1958). Viagem de Cem Anos.

Autor

MACIEL, Artur

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação)

1955

Ano de publicação/impressão

1958

Título completo da obra

Viagem de Cem Anos

Tema principal

História do Jornalismo

Local de edição

Viana

Editora (ou tipografia, caso não exista editora)

Câmara Municipal da Cidade de Viana do Castelo

Número de páginas

65

Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Biblioteca Nacional

Cotas: P.6005P

Biblioteca: Biblioteca Pública Municipal do Porto

Cotas: W7-2-55

Esboço biográfico sobre o autor

O autor foi jornalista durante mais de 30 anos. Nasceu em 1900 e faleceu em 1977. Publicou várias obras sobre arte e artesanato e monografias regionais sobre o Minho, bem como uma grande reportagem sobre a Guerra Colonial em Angola.

Índice da obra

[Não tem índice.]

Prefácio -1ºs.folhas

Fases de edição /O sentimento do autor – fls. 15 e 16

Histórico e politico sobre a imprensa em Portugal – fls. 17 a 24

O jornal e a cidade – restantes fls.

Resumo da obra (linhas mestras)

No prefácio, Artur Maciel dedica a crónica “Viagens de Cem Anos” à memória dos poetas, dos escritores, dos jornalistas vianenses e de outros que deixaram impresso, de qualquer modo, o amor à terra e à gente de Viana.

Diz ele que circunstâncias de vária ordem concorreram para que a sua crónica, fruto duma escrita em vésperas da conferência – realizada no Teatro de Sá de Miranda, de Viana do Castelo, em 15/12/1955 – não lhe deixaram tempo para uma reflexão que a crónica requeria, mas que assim a deixava sem qualquer modificação, dentro dum contexto jornalístico, em louvor do jornal Aurora do Lima.

Quando lhe foi pedido para ser orador das comemorações do centenário do jornal Aurora do Lima, as razões invocadas não lhe deixaram margem para grande hesitação: Apelava-se, para que a voz a ser escutada fosse de alguém ligado à terra e ao seu jornalismo.

Segundo Maciel, data de 1847 a Portaria ministerial que obrigava os Municípios a abrirem um livro especial, denominado “Anais do Município”, sendo registado em tais livros a longevidade das pessoas de que houvesse noticia, com a declaração do modo de vida e do alimento habitual que tivessem.

O autor salienta que se viviam, nessa altura, momentos conturbados na politica, benéficos para o desenvolvimento da imprensa escrita em Portugal, já moda em França. Sustenta, ainda, que o homem, como animal político, como Aristóteles o tinha definido, espalha as suas ideias através da imprensa, fazendo dela o poder substituidor dos canhões napoleónicos, como foi ilustrado na França Restauracionista por Luís Filipe, “o Rei cidadão”.

Nessa época conturbada de Oitocentos, relembra o autor, a imprensa portuguesa, onde se incluíam jornais como o Tira-Teimas, o Terrível e o Chega a Todos” “fazia das suas” …

Em 1850, recorda igualmente o autor, para travar o abuso de imprensa, foi publicada a lei que veio, na gíria, a intitular-se a Lei da Rolha. Em 1851, posta a revolução na rua, entra-se no período da Regeneração. Até 1856, pela acalmia politica, assiste-se ao desenvolvimento do Reino – levantam-se pontes, aumenta a rede de estradas, abre-se o primeiro troço ferroviário (Lisboa-Carregado), assina-se o contrato para o primeiro telégrafo eléctrico.

Foi então dentro desta aurora progressista que, evoca Artur Maciel, nasceu o Aurora do Lima, em 1855, numa localidade que tinha sido elevada a cidade, apenas sete anos antes, por D. Maria II. Salienta Maciel que no primeiro número do Aurora de Lima, aqueles que o fundaram pediam a Viana que despertasse da sua moleza e da sua inércia e secundasse o esforço que para o futuro progresso da cidade o nascente jornal representava.

Segundo o autor, o jornal nasceu num momento em que Viana atravessava um período de crescimento económico e de progresso social, beneficiando do facto de ser uma cidade marítima. O mar era o caminho principal para as trocas comerciais, quer do Reino, quer do estrangeiro. No plano político, instala-se um poder central (regional) liderado pelo Governador Gaspar de Azevedo d´Araújo, estando os serviços de administração do Concelho, a cargo de Manuel José Gavinho. Viana é também agraciada com os serviços públicos: Fazenda, Alfândega, os Correios, tónicos do desenvolvimento da capital do distrito. Abrem-se as portas do primeiro Liceu., por esforço de vários letrados da cidade.

O primeiro número do Aurora de Lima, esclarece então o autor, aparece em 15 de Dezembro de 1855, fruto da dedicação de alguns vianenses, sendo o seu primeiro director José Barbosa e Silva.

O jornal, explica Artur Maciel teve altos e baixos no seu percurso, mas foi sempre pautando por uma linha editorial progressista.

Logo nos primeiros anos de publicação o jornal beneficiou, relembra o autor, do facto de o director José Barbosa e Silva ter boas relações com Camilo Castelo Branco, pelo que este se tornou um colaborador assíduo do Aurora do Lima, até 1858. Da colaboração deste romancista com o Aurora do Lima resultaram obras, diz também Artur Maciel, como “Cenas da Foz”.

Nos seus cem anos de vida, o Aurora do Lima assistiu às grandes mudanças operadas em Viana, em que o jornal e os seus directores tiveram preponderância, pela sua “tenaz luta em prol das suas gentes e da cidade”.

Para Artur Maciel, o jornal, viveu os seus períodos áureos, em termos literários, entre 1887/88 e 1895/1896. Neste último período, é atingido, na opinião do autor, o mais alto nível, graças à colaboração de João Verde.

Muitos nomes ilustres colaboraram com o Aurora durante os seus cem anos de vida. Maciel evoca, a título de exemplo, Silva Campos, João da Rocha, Figueiredo da Guerra, Manuel Afonso Espregueira e outros poetas e escritores.

Segundo Artur Maciel, a linha editorial progressista do Aurora do Lima provocou-lhe alguns contratempos na entrada no século vinte, devido à conjuntura política adversa, mas José Viana e Aníbal Galeão, resolverem, não sem custos, mantê-lo a flutuar.

Assim, em 1955, o autor pôde escrever que o Aurora do Lima mantinha acesa a chama que foi sempre a sua condutora, embora ofuscada pelo facto da política vigente no País ser um obstáculo perseguidor à matiz progressiva que o jornal ostentava.

Nome do autor da ficha bibliográfica: Catarina Ferreira

E-mail: katarinaraf@hotmail.com