Macedo, J. (1821a)

MACEDO, José Agostinho (1821). Carta ao Senhor Redactor do ”Patriota”.

Autor: MACEDO, José Agostinho de

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação)

Ano de publicação/impressão: 1821

Título completo da obra: Carta ao Senhor Redactor do Patriota

Tema principal: Liberdade de Imprensa

Local de edição: Lisboa

Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Imprensa Liberal

Número de páginas: 7

Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Biblioteca Nacional Cotas:

BN L 6256 V

Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)

José Agostinho de Macedo nasceu a 11 de Setembro de 1761 na cidade Portuguesa de Beja.

Foi um escritor português com um enorme sentido crítico e polémico, sempre atento às polémicas da sociedade do seu tempo, não deixando ninguém indiferente com o seu estilo literário, frequentemente baixo e vulgar.

Adepto fervoroso do absolutismo, teve uma enorme responsabilide nos crimes cometidos nesta altura, além de também ter perseguido muitas pessoas. Era odiado pela maioria das pessoas do seu tempo, apesar do enorme sucesso dos seus textos.

Escreveu Ensaios, Críticas, Cartas filosóficas, Odes, Epístolas e Poesia.

Faleceu em Lisboa, no dia 2 de Outubro de 1831, com setenta anos.

Índice da obra

[Não tem índice.]

O descontentamento do autor face às calúnias publicadas pelo jornal o Patriota pp. 1-4

As acusações do autor ao redactor do jornal pp. 4-6

Os efeitos dos textos publicados no jornal e as consequências do “Excesso” da liberdade de imprensa pp.6-7

Resumo da obra (linhas mestras)

Esta obra, em forma de carta, revela o descontentamento de José Agostinho de Macedo, escritor Português do início do século XIX, em relação ao facto de qualquer pessoa poder escrever o que quiser nos jornais sem que, no Portugal vintista, houvesse qualquer critério ou qualquer controle acerca dos conteúdos escritos. Usa também o seu poder de argumentação para defender uma das vítimas do referido jornal, D. Carlos de Menezes.

O autor defende que os jornais, principalmente O Patriota, permitem que se ofenda ou enxovalhe qualquer pessoa apenas por vingança ou ressentimento, ”Seja a pessoa, ou classe qual for, uma vez que quizerão enxovalhar , é irremissivelmente enxovalhada. Se há particular ressentimento, a vingança é publica, porque o meio é fácil”. Segundo Macedo, “Os periodiqueiros levantaram-se em Tribunal com alçada para infligir a pena de infâmia a qualquer cidadão, sem mais processo, e mais provas que a má vontade de um malvado que queira ter o trabalho de escrever num papel o que lhe vier á cabeça”.

José Agostinho de Macedo classifica um artigo redigido por Paulo António contra D. Carlos de Menezes, Principal da congregação camarária, como”a mais revoltante patifaria com que os periodiqueiros nos tem ilustrado até agora” e também não se poupa a críticas na hora de falar do redactor do artigo, caracterizando-o como ”miserável que tem o coração tão perverso como a alma aparvalhada”

Críticas feitas, o autor parte para a descrição dos argumentos do jornalista contra D. Carlos de Menezes. Segundo Paulo António, os portugueses teriam que saber dos abusos das leis e como estes abusos cometidos por D. Carlos de Menezes prejudicariam a fazenda Nacional. José Agostinho de Macedo, por sua vez, vê isto como uma afronta e defende que este tipo de coisas devem ser comunicadas ao ministro da Fazenda e não serem discutidas na praça pública.

Segue a carta, bem como a troca de acusações. Contrariando as acusações de corrupção por parte do jornalista relativamente ao Principal Menezes, o autor continua em sua defesa, dizendo que o Principal Menezes presidiria aos cofres contra a sua vontade, obrigado pelo patriarca, e que o jornal não teria o direito de publicar um título que contribuiu para o descrédito da sua pessoa.

Refere José Agostinho de Macedo ao redactor do jornal que o jornalista que escreveu as acusações contra o Principal Menezes é “miserável” e que o redactor do jornal se torna igual a ele ao publicar “tamanhos desaforos” contra terceiros, pois tal publicação só teria servido para ” Emporcalhar o seu papel e tornar abominável o mister de Perodiqueiro. Esta publicação torna gémeos em desaforo o autor da carta e o seu publicador.”.

Depois de tanto defender o nome e a honra do Principal Menezes, o Autor desta carta acusa o jornalista Paulo de dever dinheiro à fazenda nacional e de só escapar à alçada do fisco por causa da influência do seu “padrinho”. Macedo apresenta, inclusivamente, o documento que prova que de facto, que este tem contas a ajustar com a Fazenda Nacional, e que não possui qualquer moral para falar de quem quer que seja.

Para rematar esta troca de galhardetes, defende o autor que o papel dos periodicos é unicamente o de por os cidadãos uns contra os outros através das calúnias publicadas. Refere ainda que não existe qualquer respeito por classes, e que se podem atacar homens de bem sem qualquer pudor. Há inclusivé uma advertência em forma de ameaça ao jornalista: ”Quem diz o que quer, ouve o que não quer; e cuidando que mete uma lança em África com uma injúria sem fundamento, põe-se em termos de lhe descozerem o fiado”.

O autor, descontente com o comportamento deste jornal, finaliza a carta dizendo que o periodismo “nos rouba o dinheiro (…) rouba-nos a paz, pois andam os cidadãos em guerra viva uns com os outros, rouba-nos a reputação de homens de bem, pois dão a conhecer que existe uma imoralidade pública, que nem respeita a coisa mais sagrada que há, o bom nome do homem, tesouro mais precioso que a mesma vida”.

Como conclusão, salienta: ”Folheio as páginas da história não encontro em todas elas um quadro de corrupção como o presente nos está oferecendo… e esta desgraça só tem por autores os Periodiqueiros… julgo ter vingado a honra e o bom nome do Principal Menezes”.

Autor (nome completo): Joana Cristina Pinto Da Silva

E-mail: 17957@ufp.pt