Nunes, J. (1962)

NUNES, Joaquim António (1962). Jornais, Homens e Factos de Portimão. Estudos Algarvios, 8.

Autor: NUNES, Joaquim António

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação): 1962

Ano de publicação/impressão: 1962

Título completo da obra: Jornais, Homens e Factos de Portimão

Tema principal: História do Jornalismo

Local de edição: Lisboa

Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Estudos Algarvios

Número de páginas: 50

Cota na Biblioteca Nacional e eventualmente noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Biblioteca Nacional

Cotas: PP10413

Biblioteca: Biblioteca Pública Municipal do Porto

Cotas: S2-8-149

Esboço biográfico sobre o autor ou autores (nascimento, morte, profissão, etc.)

Nascido em 1905, em Portimão, e diplomado pelo ensino técnico, Joaquim António Nunes não deixou de demonstrar grande interesse pelas Letras. Seguiu, em Lisboa, o curso complementar de admissão aos Institutos Industriais, e de suas funções na Administração do Porto de Lisboa, onde foi chefe dos Serviços de Depósitos e o primeiro a organizar a sua Casa do Pessoal, e da reflectida experiência na direcção da Casa do Algarve, de que foi sócio número 1 (1945-46), retirou parte da linfa humana das suas narrativas. Autor de elucidativa monografia da sua terra natal, Portimão (1956), publicou ainda Jornais, Homens e Factos de Portimão (1962), e o apreciável ensaio Da Vida e da Obra de Teixeira Gomes (1976). Pertenceu à comissão promotora do monumento ao poeta Bernardo de Passos e tem colaboração dispersa em jornais de Lisboa (Século Ilustrado, Diário de Lisboa, Diário Popular, Revista Municipal) e, sobretudo, na imprensa regionalista (Diário do Alentejo, Gazeta do Sul, Correio do Sul, Jornal do Algarve, Comércio de Portimão). Foi também director e editor de Algarve, boletim informativo da Casa do Algarve em Lisboa.

Índice da obra

O Município – pp. 12

Correio do Meio Dia – pp. 14

Liberdade – 18

Jornal do Artistas – pp. 18

O Algarve – pp. 23

A Independência – pp. 26

A Ordem – pp. 31

A Verdade – pp. 32

O Portimonense – pp. 33

Alma Algarvia – pp. 33

O Arauto – pp. 39

A Lira – pp. 40

Ecos do Além – pp. 41

O Portimonense – pp. 42

O Algarbh – pp. 43

A Cidade Nova – pp. 44

Jornal de Portimão – pp. 45

Rosa Cruz – pp. 48

Comércio Portimão – pp. 48

Jornal de Cinema – pp. 50

Resumo da obra (linhas mestras)

Segundo Joaquim António Nunes, apesar de Portimão ter tido uma “importância incontestável” no desenvolvimento de jornalismo, não lhe cabe a honra de ter sido a primeira terra algarvia a publicar um jornal.

Na verdade, já em Faro se haviam publicado jornais como “A Crónica do Algarve”, de 1833 e o “Jornal Crónico”, de 1862. Também terras como Tavira e Lagos tiveram os seus próprios jornais, embora de pouca duração, excepto a lacobrigense “Gazeta do Algarve”, o primeiro semanário da província que se manteve de 1873 a 1877. Também em Lisboa surgiu “O Algarviense”, que, embora se tenha mantido por pouco mais de um ano, foi de uma importância extrema devido aos problemas vividos na altura na região, já que tratava os problemas que careciam de regulação e fornecia elementos de estudo ao Governo para a sua conveniente solução. “O Algarviense” funcionava como uma espécie de tribuna, onde todas as terras do Algarve apresentavam as suas lamentações e pediam aos poderes superiores as necessárias providências. Foram importantes colaboradores deste jornal nomes como João Bonança (que se evidenciou pelos famosos artigos contra a pena de morte) e Romeira Pacheco, que para além de proprietário, era o principal escritor do jornal.

O Município foi o primeiro jornal a ser publicado em Portimão, a 04 de Agosto de 1873, sendo, assim, o primeiro mensageiro portimonense que dava a conhecer as belezas e riquezas naturais da região. O jornal, que teve numa primeira tiragem apenas 1000 exemplares, deixou de se publicar a 10 de Maio de 1874, altura em que se passou a chamar “Correio do Meio Dia”, reaparecendo com o primeiro nome a 17 de Março de 1878, tendo deixado de se publicar definitivamente a 21 de Julho de 1878. Era um jornal de dimensões regulares, de 4 páginas, sempre bem recebido pela população e um incontestável defensor dos interesses da terra e dos direitos dos cidadãos. Foram principais colaboradores do jornal Bulhão Pato, César Machado e Gomes Leal.

O Correio do Meio Dia, também publicado em Portimão, surge com a necessidade de descanso de Domingos Leonardo Vieira do seu papel de redactor-responsável d’ “O Município”, que via em Luís Mascaranhas – proprietário e redactor-responsável do “Correio do Meio Dia” – um enérgico e competente defensor das justas pretensões da província, energia essa que, aliás, se observa em cada página do jornal. O jornal tinha o mesmo formato que “O Município”, embora inserisse também uma página de anúncios. Também n’ “O Correio do Meio dia” Bulhão Pato foi um importante colaborador.

A Liberdade, um semanário com tipografia própria que foi publicado de 18 de Outubro de 1874 a a878, era um importante defensor dos interesses do país, em especial do Algarve. Foi seu director o Dr. José António Dâmaso e seu administrador José Paulo Serpa.

O Jornal dos Artistas, que se publicou de 11 de Novembro de 1875 a 20 de Setembro de 1877, teve como principais redactores Gomes Leal e José Alexandrino de Avelar. A sua primeira tiragem foi de 5350 exemplares, o que nos demonstra a expansão do jornal no Algarve e outras províncias, numa época onde o número de indivíduos que sabiam ler era de 2000. Portimão atinge, assim, a culminância do pensamento graças a uma “elite” de homens cultos que aqui nasceram ou se fixaram, desejosos de expandir as suas ideias e conhecimentos. Chega-se, portanto, a pensar, que foi exactamente de Portimão que irradiou toda a força criadora que implantou e enraizou a Imprensa na província do Algarve. O jornal, cuja função era não tanto de defesa local mas instrumental, educativa e moralizadora, ilustrou páginas com galeria de celebridades de vida digna de ser conhecida pelos leitores. Nascem, assim, João de Deus, César Pola e António José Glória. Surgem, também, Rafael Zacarias e D. Maria José da Silva Canuto, entre outros.

O Algarve, cujo subtítulo era “órgão do partido progressista nas províncias do Sul”, foi o primeiro bi-semanário em Portimão. Este jornal tem a particularidade de não se referir um único nome dos seus responsáveis, embora se pense que o seu director fosse Luís Mascaranhas. “O Algarve” foi publicado de 21 de Setembro de 1878 a 09 de Novembro de 1879 e tinha o formato e o grafismo semelhantes ao “Município”, embora a sua leitura se fosse tornando insípida de dia para dia pela má impressão.

A Independência, de Joaquim João Serpa, começou a ser publicada a 08 de Fevereiro de 1880 e terminou a sua publicação a 07 de Maio de 1882. O jornal tinha a sua própria tipografia, era bem impresso e tinha dimensões superiores aos jornais até então.

Talvez por ser de linguagem e política moderadas e por ser de escassa colaboração, “A Independência” teve uma projecção muito limitada, embora lhe tenha cabido a honra de registar a maior manifestação cívica realizada em Portimão. Possivelmente para suprir esta falta, Joaquim Serpa publicou em folhetins obras de autores franceses. Também este jornal – à semelhança de todos os outros – nos fala de Barros e Cunha, cuja importância não pode, de forma alguma, ser esquecida.

A Ordem, que foi publicada de 18 de Junho de 1882 a 19 de Novembro do mesmo ano, e propriedade de Joaquim Serpa, manteve o mesmo formato d’ “A Independência”, agravando, contudo, a sua ilegibilidade. Também “A Ordem” não teve muita projecção, sendo visível uma crescente degradação a cada nova publicação.

A Verdade, de José Negrão Buisel, surge apenas 20 anos após “A Ordem”, a 04 de Maio de 1902 e deixa de ser publicado a 17 de Agosto do mesmo ano. O jornal era de formato grande e bem impresso e tratava assuntos como o analfabetismo e a higiene.

Como deu publicidade a uma série de artigos de crítica à administração das Caldas de Monchique, foi o jornal processado pelo Dr. Castelo Branco.

O Portimonense, jornal gratuito cuja publicação se iniciou, numa primeira fase, a 14 de Julho de 1910 e terminou a 1 de Setembro do mesmo ano, era administrado por Joaquim da Silva Prazeres e consistia numa pequena folha de anúncios de quatro páginas. O jornal reaparece a 29 de Julho de 1926, contando com a colaboração de Camilo Cordeiro, e deixa definitivamente de ser publicado a 02 de Fevereiro de 1928.

Alma Algarvia, o décimo jornal de Portimão, surge a 12 de Março de 1911. Era um excelente jornal, de óptimo aspecto gráfico e bem impresso, que contou com a colaboração de Julião Quintinha, um excelente dinamizador. O jornal tratava assuntos que acentuavam o extraordinário período de actividades no Algarve e demonstrou ser um alto defensor dos interesses regionais, reclamando constantemente para a zona da sua influência os benefícios que mais se faziam sentir e que o país lhes podia dar. Foram seus colaboradores nomes como Júlio Dantas, João de Deus, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoais e muitos outros poetas.

O Arauto, de Antony Guynnet, iniciou a sua publicação a 23 de Julho de 1914 e cessou-a a 15 de Julho de 1915. O jornal tinha o formato do “Diário de Lisboa” e apresentava gravuras de cidades próximas, acompanhadas por artigos que as enalteciam, fazendo jus ao seu subtítulo – “Interesses Algarvios”. O jornal tratava assuntos limitados ao meio portimonense, como as festas no casino ou outras notícias locais e publicou, entre outros, textos de Júlio Dantas e de Cesário Verde.

A Lira surge a 1 de Outubro de 1919, em forma de quinzenário, e, embora contasse, já no seu primeiro número, com versos de Guerra Junqueiro e Bocage, as suas constituições literária, noticiarista e publicitária eram fracas, pelo que “A Lira! Não foi muito bem sucedida. O jornal tinha Manuel da Silva Duarte como director e tinha como redactores António Paiva Aragão e João Marques Simões, que o acabou por passar a dirigir logo no seu terceiro número.

Ecos do Além, cujo principal redactor foi Manuel Caetano de Sousa, teve a sua publicação ligada a Faro, a Silves e só depois a Portimão, onde começa a ser publicado a partir de 1921. O jornal, talvez por ser de propaganda espírita de vida acidentada, teve, apesar do bom aspecto gráfico, escassa colaboração e não foi, como é óbvio, um órgão defensor dos interesses da região

O Portimonense iniciou funções a 10 de Fevereiro, cessando-as a 25 de Abril de 1923, foi dirigido por José Francisco Cabrita e administrado por Amadeu Gomes. O jornal tinha como objectivos “dotar Portimão de um órgão de Imprensa” e apresentava-se, primeiramente, em formato pequeno, que foi posteriormente melhorado, impresso em tipo variado e de muito bom aspecto gráfico, revelando-se um precioso defensor dos interesses regionais. Participaram neste jornal vários escritores, nomeadamente Armando de Miranda e Maria Veleda.

Algarbh, um quinzenário de Armando de Miranda cujas publicações iniciaram a 5 de Fevereiro de 1922 e se supõe que tenham sido suspensas a 20 de Agosto de 1922, tinha Alfredo Lopes, Eugénio Belles Leiria e Pedro Luís Ferrer como redactor, editor e administrador, respectivamente.

A Cidade Nova surge a 2 de Agosto de 1925, com o entusiasmo da elevação de Portimão a cidade, e desaparece a 22 de Outubro de 1925. Tinha como director / editor Luís Moreira e como administrador Manuel Patrocínio. O jornal intitulava-se defensor dos interesses do Concelho de Portimão e teve como colaboradores Júlio Calaça e Camilo Cordeiro, entre outros.

Jornal de Portimão iniciou a sua publicação no mesmo dia que “A Cidade Nova” e deixou de se publicar a 27 de Junho de 1926, teve como director Armando de Miranda, como editor Rodrigues Branco e foi administrado por José Rosado Nunes. O jornal ultrapassa muito a craveira normal desta classe de imprensa e foi, indubitavelmente, o mais importante que se publicou em Portimão, já que foi aquele que maior colaboração local reuniu, era muito bem impresso, tinha um bom aspecto gráfico e foi considerado um grande defensor dos interesses vitais do concelho. Foram seus colaboradores Pedro Júdice, Marcos Algarve, Francisco Marques Pereira e muitos outros.

Rosa Cruz, uma revista mensal de filosofia, ciência e religião, aparece em Março de 1926 e é publicada até Agosto de 1930. A revista tinha como redactor principal e administrador Florindo Costa e era editado por Hermenegildo Costa.

Comércio de Portimão, cujo objectivo é simplesmente substituir, na função de órgão anunciador, o “Jornal de Portimão”surge a 11 de Julho de 1926.

Jornal de Cinema, cuja publicação se iniciou a 1 de Janeiro de 1932, tinha em José Bastos Júnior o seu director e em Manuel Vieira o seu administrador. Era um jornal muito bem impresso, e de excelente aspecto gráfico, que incluía algumas fotografias, e foi publicado até 10 de Julho de 1932.

Autor (nome completo): Marcelo Guaraci da Silva e Silva

E-mail: ma.silvasilva@gmail.com