Morais, T. (1941)

MORAIS, Tancredo (1941). Comemoração do Tricentenário do 1º Periódico Português ”Gazeta de 1641”.

Autor: TANCREDO DE MORAIS, Capitão de Mar e Guerra A. N.

Ano de elaboração (caso não coincida com ano de publicação)

Ano de publicação/impressão: 1941

Título completo da obra: Comemoração do Tricentenário do 1º periódico Português “Gazeta” de 1641.

Tema PRINCIPAL: História do jornalismo.

Local de edição: Lisboa

Editora (ou tipografia, caso não exista editora): Separata da Revista Militar impressa na Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.

Número de páginas: 12

Cota na Biblioteca Nacional e noutras bibliotecas públicas

Biblioteca: Biblioteca Nacional

Cotas: H.G. 36315 V.

Esboço biográfico sobre o autor

Militar da Armada Portuguesa. Nasceu em 1882. Escreveu monografias sobre a Marinha de Guerra portuguesa, a Casa da Índia e as relações China-Portugal ao tempo dos Descobrimentos.

Índice da obra

[Não tem índice.]

1. Estudos de Alfredo da Cunha sobre a Gazeta: pp. 1-2

2. A época da Restauração: pp. 2-4

3. Análise da Gazeta: pp. 4-12

Resumo da obra

Tancredo de Morais (1941) classifica a Gazeta “da Restauração” como sendo “Moderada na linguagem, minuciosa nas informações, escrupulosa na busca da verdade, citando muitas vezes a origem [das informações]”. Para ele, a Gazeta reflecte as circunstâncias em que foi produzida e o pensar da época, pois “A imprensa periódica é sempre o reflexo, o espelho, da sociedade a que pertence. Será corrupta quando o meio (…) for corrupto; altiva, livre, patriótica onde o espírito público exija essas qualidades; violenta, grosseira, atrabiliária quando a demagogia perverter o sentimento. E o jornal que não corresponder ao sentir do público terá vida efémera”.

O estudo de Tancredo de Morais, publicado na Revista Militar, tem por objecto as notícias bélicas do primeiro periódico português. Trata-se, no entanto, mais de um levantamento das notícias bélicas na Gazeta do que de uma análise das mesmas.

O autor começa por analisar a primeira notícia do primeiro número, que relata um combate entre a esquadra castelhana e a esquadra holandesa, que sob o comando de Gizels combatia pela Restauração da Independência de Portugal. A notícia termina com a retirada da esquadra holandesa para Lisboa, mas Tancredo de Morais recorda que enquanto essa flotilha estava fundeada no Tejo chegou a notícia dos primeiros combates entre portugueses e holandeses no Brasil, pelo que a frota holandesa acabou por regressar à Holanda, a pretexto de ir ajudar a combater os espanhóis na Terceira, temerosa do que lhe poderia acontecer se continuasse ancorada em Lisboa.

Relembra ainda Tancredo de Morais que durante o período em que a Gazeta foi publicada não se travaram grandes batalhas entre portugueses e castelhanos, com exclusão da batalha do Montijo, em território espanhol, portanto o periódico, na sua primeira fase (ou seja, antes da suspensão da publicação), só dá conta das escaramuças de fronteira e incursões no território do adversário por parte de ambos os contendores.

O autor mostra, também, que a Gazeta dedicou particular atenção aos esforços diplomáticos realizados para a legitimação do novo poder, noticiando o envio de embaixadas à Suécia e à Santa Sé, embora, neste caso, a embaixada tivesse passado dificuldades devido à pressão espanhola junto do Vaticano, tendo havido, inclusivamente, escaramuças em Roma entre portugueses e espanhóis. No juízo de Tancredo de Morais, os esforços diplomáticos portugueses mostram o “talento e reconhecidas aptidões” de D. João IV para a diplomacia.

Mais à frente, Tancredo de Morais constata que da Gazeta “constam (…) muitos factos, típicos da época e que ajudam poderosamente a conhecê-la e compreendê-la”. Justificando a sua tese, o autor relembra notícias sobre o Rei e a Família Real, solenidades religiosas, casos de polícia e justiça, um auto de fé, um duelo, a celebração da reconquista da ilha açoriana da Terceira aos espanhóis, a festa do primeiro aniversário da Restauração da Independência, etc. Porém, são as notícias militares o cerne da sua atenção: marinha de guerra, escaramuças de fronteira, etc.

O autor conclui: “verifica-se que o ascendente de toda a imprensa periódica portuguesa legou tradições comuns a todos os jornais”. Mas: “um jornal é sempre influenciado pelos acontecimentos e pelos personagens da época em que se publica”. Ora, como “a guerra estava na ordem do dia. Guerra em Portugal, guerra em toda a Europa”, então também necessariamente a Gazeta indiciava esse estado de coisas.

Autor da ficha bibliográfica: Jorge Pedro Sousa

E-mail do autor da ficha bibliográfica: jorgepedrosousa@gmail.com